Um ano depois do início da venda de eletroeletrônicos pela Amazon no Brasil, a empresa
de Jeff Bezos já entrou, em outubro passado, na oferta de produtos da linha branca (fogão, geladeira, máquinas de lavar). Marcada pela discrição – o letreiro na sede da empresa, em São Paulo, ao lado do shopping JK, só foi instalado meses depois do começo das operações –, a empresa dificilmente dá pistas de seus planos. À coluna, o líder do negócio de marketplace da gigante, Rafael Ferreira, afirmou que há interesse não só em buscar empresas gaúchas que ofertem seus produtos na sua loja virtual, mas também que façam a integração entre os vendedores e o site da Amazon:
– No Estado, não queremos apenas buscar sellers (empresas que ofertam no espaço comum com o endereço da Amazon). Depois de nos estruturarmos em São Paulo, queremos ampliar contatos e parcerias no Rio Grande do Sul.
No ano em que alcançou valor de mercado de US$ 1 trilhão – unidade de valor mais comum em PIB de países do que em faturamento de empresas – a Amazon oferece mais de 18 milhões de produtos no Brasil, no marketplace e na venda direta – no país, só livros físicos e os dispositivos Kindle (para leitura de e-books) e Fire TV Stick (serviço de streaming). Desse número amazônico, 13 milhões são livros, dos quais 300 mil em português. Já estão por lá empresas gaúchas como Lojas Lebes, Paquetá Esportes e Radan Esportes. E ao menos uma integradora (provedora da solução tecnológica que une ofertas do vendedor ao site da Amazon), a F1 Soluções.
– Há um ano e meio atrás, a Amazon só atuava no Brasil com venda direta de livros e de seus dispositivos. Os últimos meses foram uma revolução – observa Ferreira.
Mas Ferreira cumpre à risca a estratégia da empresa de dar poucos sinais sobre seus próximos passos no Brasil. Diante da pergunta da coluna sobre o futuro da empresa no país, que provoca calafrios no varejo nacional, saiu pela tangente:
– A Amazon tem planos de longo prazo para o país. E pensa muito nos clientes. Não significa que não olhe para a concorrência, mas tem foco prioritário em atender bem.
Conforme o executivo, a experiência da Amazon no Brasil acabou permitindo à empresa exportar "jabuticabas" brasileiras, como o pagamento parcelado no cartão, prática incomum fora daqui. A estratégia foi adotada, por exemplo, no México. E brinca:
– Nossas jabuticabas são oportunidades de negócio.