Foco de um dos mais intensos debates econômicos, o sistema previdenciário brasileiro é um dos menos sustentáveis do mundo segundo estudo da consultoria australiana Mercer. Em ranking divulgado nesta segunda-feira (22), a consultoria apontou que o Brasil ocupa a 31ª posição entre 34 países avaliados. Em 2017, o déficit do INSS mais o resultado dos pagamentos a servidores civis e militares, passou de R$ 268 bilhões.
Na classificação que vai de zero a cem pontos do critério de desenvolvimento sustentável, o país chega a 28,5, segundo a consultoria. Fica atrás, até, da Argentina, às voltas com mais uma profunda crise cambial. Na categoria da capacidade de sustentar seus aposentados ao longo do tempo, o Brasil só está à frente de Espanha, Áustria e Itália – atingida por forte turbulência, nos últimos dias, relacionada ao alto endividamento.
Na ponta da sustentabilidade, não está um país jovem, mas a "idosa" Dinamarca, com 81,8 pontos. Considerada a média geral do índice, que ainda tem indicadores de adequação e integridade, o Brasil ainda patina, ocupando o 21º lugar com 56,5 pontos. Computados os três aspectos, a Holanda lidera o ranking.
Segundo o líder de Previdência da Mercer Brasil, Felipe Bruno, o modelo holandês pode ser um bom exemplo. Lá, o poder público financia 70% de um salário básico para cada trabalhador. Para ter valores adicionais, é necessário participar de um fundo criado em cada setor do mercado, gerido pelo empregador. O regime de capitalização (em que o trabalhador poupa na ativa para receber quando se aposentar), acrescenta, está em quase todos os países do topo do ranking.
– Outro pilar é a previdência privada. Quem participa acaba ganhando estímulos fiscais – avalia, detalhando que, mesmo com alguma renúncia tributária, a conta final ainda pesa menos para o governo holandês.
Conforme Bruno, o próximo presidente deve analisar as particularidades de cada região, como média de idade e salarial. Assuntos "espinhosos" devem ser enfrentados logo, sugeriu, como os benefícios de servidores públicos e militares, além da Previdência rural, responsável por mais de R$ 110 bilhões do rombo.
*Com Anderson Mello