Como no dia anterior, o dólar comercial voltou a ser negociado abaixo de R$ 3,70 na manhã desta quarta-feira (17). O câmbio ainda se embala no clima eleitoral, depois de pesquisas que mostraram ampla vantagem do candidato Jair Bolsonaro (PSL). No final da manhã, a cotação caiu para R$ 3,6995. A barreira dos R$ 3,70 é considerada forte no mercado financeiro, porque a moeda não fecha abaixo desse valor há cinco meses.
O Brasil não é visto como um país com problemas cambiais, mas tem fragilidade fiscal. Além disso, como boa parte da valorização do real decorre da torcida aberta de investidores
e especuladores por um resultado determinado da eleição, e ainda não há clareza sobre as propostas de Bolsonaro para a área econômica. Levantamento do Bank of America Merrill Lynch que circula no mercado mostra cerca de 8% de projeções de dólar inferior a R$ 3,60 no final do ano. Mas metade já estima que a moeda possa chegar ao fim de 2018 abaixo de R$ 3,80.
Até o final da manhã, a bolsa não se descolava de sua referência, o pregão de Nova York, que tem sofrido turbulências nos últimos dias em decorrência de sinais de que o forte crescimento da economia americana pode exigir dose extra de alta de juro do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA). O índice Dow Jones, o mais tradicional de Nova York, cai 1%. Nem o "kit eleições", formado pelas ações das estatais, mostra animação. No final da manhã, os papéis da Eletrobras caem 4,31%, as da Petrobras, 1,05%, e as do Banco do Brasil, 0,15%.
Pesa na percepção do mercado a informação de que Bolsonaro indicou o general Oswaldo Ferreira para coordenar o plano de infraestrutura de seu eventual futuro governo. Cresce a percepção de que a tendência é manter estatais as áreas de geração de energia da Eletrobras e de exploração e produção de petróleo da Petrobras. Conforme assessores do candidato, a Transpetro, estatal de transporte de óleo e gás e parte do escândalo desvendado pela Operação Lava-Jato, também não deve ser privatizada, porque os militares veem sua atividade como "questão de segurança nacional".