Caso se confirme a separação das obras de transmissão de energia previstas no Lote A, já terá sido uma lição. Há outras. O episódio que marca negativamente a história recente do Estado frustrou expectativa não apenas do investimento direto de R$ 4 bilhões como o triplo desse valor em um período de quatro anos em geração de energia. Um dos inconformados com o fracasso é o consultor Ronaldo Lague, ex-conselheiro da Agenda 2020:
– Foi um imenso prejuízo para o RS e continua sendo. Enquanto o novo cronograma não for definido, não serão liberadas propostas de geração. Projetos gaúchos vão ficar o resto deste ano e todo o próximo sem participar de leilões.
Como o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) diz que não há mais capacidade de conexão no Estado, vai barrar a inscrição de usinas e parques na disputa que garante financiamento capaz de tirar os projetos do papel. Secretária de Minas e Energia, Susana Kakuta sustenta que o Estado fez tudo o que estava a seu alcance para ajudar.
Sobre o fato de ter levado o anúncio do acordo para o Palácio Piratini, em plena campanha eleitoral, a secretaria afirma que o governo atendeu a um pedido da Eletrosul e da embaixada da China no Brasil:
– Eles definiram a data, como um momento para dar uma devolutiva à sociedade, dada a importância do projeto.
Como o projeto é federal e estava sendo conduzido pela Eletrosul, detalha Susana, o papel do Estado foi apressar a inscrição da Sociedade de Propósito Específico (SPE) e acelerar a concessão de licenças ambientais. Só falta, conforme a secretária, a licença de instalação de um trecho no Morro da Borússia, por conta da tentativa de uso de estrutura de transmissão já existente.
– Sempre há de se considerar que havia uma empresa estrangeira investindo em setor absolutamente regulado em país que não conhece – avalia, sobre o prazo de 300 dias concedido pela agência reguladora à Shanghai, sem que fosse suficiente. Não contar com a solução antes de estar 100% certa, a maior lição.