O setor de plásticos prepara uma reação à iminente venda da Braskem para a multinacional de origem holandesa LyondellBasell. Presidente da Abiplast, associação que representa o segmento, Ricardo Roriz, afirma que as 12 mil empresas e seus 350 mil empregos precisam de algum tipo de garantia de que serão atendidas.
– Temos um monopólio nacional, vamos ter um internacional – avalia.
O maior alvo do segmento são as proteções contra importação que a Braskem conquistou ao longo dos anos. Atualmente, três tipos de resinas têm sobretaxas garantidas por processos antidumping (de proteção contra competição considerada desleal): polipropileno (de peças para carros a fibra de roupas), PVC (de canos a material para calçados) e pet, a matéria-prima das garrafas de refrigerante.
– Com 12 mil empresas espalhadas no Brasil, que atendem a quase toda a demanda nacional, não podemos ficar submetidos a um monopólio lá de fora, muito menos a restrições à importação – pondera Roriz.
A Abiplast se prepara para questionar as medidas antidumping no Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência (Cade), além de pedir garantias de que a futura controladora supria o mercado brasileiro.
– A empresa tem todo o direito de vender ações, nós temos direito de que a nossa oferta tenha concorrência, que possamos comprar de qualquer empresa – afirma o presidente da Abiplast.
Presidente do Sinplast, sindicato das fabricantes de produtos plásticos no Estado, Edilson Luiz Deitos detalha que o principal temor no segmento é em relação a preços. Relata que a Braskem tem “certa governança” na política de preços que, sugere, poderia ajudar a Petrobras, sócia na petroquímica, com a estratégia para combustíveis. Relata que os valores são reajustados a cada mês, com base no dólar do período anterior e na média da variação das matérias-primas no mercado americano (70%) e chinês (30%).
– Reajuste uma vez ao mês, baseado em indicadores que o setor costuma acompanhar, tem previsibilidade. Seria interessante se a Petrobras tivesse usado essa expertise como acionista da Braskem para refinir os reajustes de gasolina e diesel – avalia Deitos.
As resinas plásticas enfrentam o mesmo problema dos combustíveis: as altas na cotação do barril de petróleo, principal matéria-prima da cadeia, e no dólar. E tem um agravante: o alto consumo de energia elétrica, que teve aumentos de 20% a 30% no Estado. Conforme o presidente do Sinplast, o mais recente reajuste nos preços das resinas da Braskem ocorreu nesta semana, depois de uma trégua que se seguiu à desarrumação do mercado provocada pela greve dos caminhoneiros. Desde segunda-feira, os valores estão cerca de 9,3% mais altos. Uma tonelada de polipropileno, por exemplo, passou de R$ 6,4 mil para R$ 7 mil. Adivinhem onde o dominó dos repasses vai aterrissar.