Era uma das negociações especuladas há mais tempo no Brasil: a venda do controle da Braskem, que pertence à Odebrecht, a maior empreiteira com finanças impactadas pela Operação Lava-Jato. Depois de sucessivos desmentidos, a empresa enfim confirmou, ainda que com as condicionantes habituais nesse tipo de transação. Embora o anúncio formal da Braskem mencione "negociações preliminares", o mercado vê como mero aviso de que o negócio já está bem encaminhado e deve ser confirmado oficialmente nos próximos dias.
A Braskem é dona de quase todo o polo petroquímico de Triunfo: controla a central de matérias-primas básicas e quatro diferentes produtoras de resinas plásticas, que servem para fazer de embalagens a utensílios de cozinha, passando por autopeças.
Também é dona de outras três centrais petroquímicas, na Bahia, no Rio e em São Paulo. Em resumo, quase 100% da produção nacional de plásticos passa pela Braskem. Além disso, a companhia tem um grande complexo no México, em parceria com o grupo local Idesa, e anunciou, no ano passado, a construção de uma unidade de produção de polipropileno (PP) no Texas (EUA).
Tanta concentração só foi possível porque o governo Lula deu sua bênção à formação de outra "campeã nacional". A partir da venda – que deve ser acompanhada pela Petrobras, a outra sócia da Braskem –, reforça-se uma campeã internacional. A LyondellBasel tem origem na Holanda, tradicional investidor no Brasil. É uma das maiores produtoras mundiais de resinas, e a compra da Braskem pode consolidar a liderança isolada.
Mas a venda da gigante petroquímica nacional, da forma como foi originada – menos uma escolha e mais uma imposição do custo dos erros das ex-gigantes nacionais –, soa como derrota de um projeto de nação. Em nota, a Petrobras avisou que irá "analisar os termos e condições da oferta da LyondellBasell de forma a avaliar o exercício dos seus direitos previstos no Acordo de Acionistas da Braskem". Enquanto a Odebrecht tem 38,3% do capital total e 50,1% do votante (o que lhe dá controle), a estatal mantém uma expressiva fatia, de 36,1% no capital total e 47% de ações com direito a voto.
Embora a venda da Braskem, tanto por Odebrecht quanto por Petrobras, seja especulada há mais de dois anos, foi em outubro passado que o nome da LyondellBasel começou a ser cogitado. Um jornal americano anunciou que a oferta da companhia global pela brasileira teria sido de US$ 10 bilhões.