Está movimentado o cenário da Braskem, empresa que controla o polo petroquímico gaúcho. Com a confirmação, por parte da Petrobras, de que o controle da empresa está à venda, abriram-se as especulações sobre o futuro do complexo de Triunfo – a empresa também tem polos na Bahia, no Rio e em São Paulo. Com há rumores de que a Odebrecht, dona da segunda maior fatia do capital da companhia, também tem intenção de se desfazer do apetitoso ativo, o mercado especula sobre um negócio cujo valor que começa em torno de estimativas de R$ 30 bilhões.
Em meio a essas estimativas, a Braskem comunicou que vai distribuir um total de R$ 1 bilhão em dividendos (remuneração para acionistas), valor bastante acima da média. Na origem da decisão, está exatamente a necessidade de capitalização de seus dois maiores sócios – Petrobras e Odebrecht. Enquanto a venda não se realiza, a apropriação da fatia desses dividendos é uma forma de reforçar o caixa fragilizado pela combinação de respingos da Operação Lava-Jato com a política de preços da estatal. Nesta quarta-feira, depois da informação oficial sobre a distribuição de dividendos, as ações da Braskem fecharam com disparada de 10,29%.
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A alta decorre do fato de que vai receber a remuneração quem tiver ações em seu poder até 3 de outubro. Como está bastante acima da média, começou uma corrida em busca do prêmio. Embora seja uma decisão inusual, analistas consideram legítima a distribuição de dividendos acima da média porque a Braskem está com bom desempenho financeiro e operacional, além de ter boas perspectivas pela frente.Sobre o futuro do polo gaúcho, há mais interrogações no horizonte. João Luiz Zuñeda, diretor da Maxiquim, consultoria do setor petroquímico, avalia que há três categorias de potenciais compradores: companhias de petróleo, empresas petroquímicas ou grandes fundos estrangeiros de investimentos.
– Qualquer comprador vai representar uma outra etapa para a Braskem. Será uma nova empresa em um novo momento – avalia o especialista.
Para Zuñeda, apesar de o negócio suscitar dúvidas sobre a integração da petroquímica sob controle quase compartilhado entre Petrobras e Odebrecht, a venda será facilitada pelo fato de os ativos estarem consolidados na Braskem. Embora tenham ''sobrado'' empresas diferentes no setor, têm pouco peso.