
Desde a última segunda-feira (5), estava consolidada a expectativa de uma alta de 0,5 ponto percentual no juro básico, que o Comitê de Política Monetária (Copom) confirmou nesta quarta-feira (7). A elevação de 14,25% para 14,75% não surpreendeu ninguém, mas a direção do Banco Central (BC) guardou suspense para as próximas reuniões.
Não houve qualquer sinalização no comunicado sobre os próximos passos: "Para a próxima reunião, o cenário de elevada incerteza, aliado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda cautela adicional na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação".
É possível entrever a possibilidade de parada nas menções a “impactos acumulados” do juro alto e ao pedido de “estabilidade”, mas é preciso forçar um pouco a interpretação. Apesar da pancada mais suave – a metade das desferidas desde dezembro de 2024, para entregar o choque monetário que teve três altas seguidas de 1 ponto percentual – é a Selic mais elevada desde 2006, portanto em 19 anos, depois de seis elevações consecutivas.
O que ajuda a justificar essa sinalização é o fato de que as projeções de inflação pararam de subir. No Relatório Focus apresentado nesta semana, houve leve variação para baixo na previsão para este ano – de 5,55% para 5,53% – e manutenção das estimativas para os dois próximos anos.
Mesmo assim, os próximos passos do BC serão acompanhados com muita atenção pelo mercado, já que o próximo é um ano eleitoral. Para lembrar, com Roberto Campos Neto na presidência, o BC elevou a taxa de 13,25% para 13,75% a dois meses da eleição em 2022. Era sua obrigação mostrar como se comportava um BC autônomo pela primeira vez na história. Agora, essa responsabilidade vai recair sobre Gabriel Galípolo e sua equipe
Leia mais na coluna de Marta Sfredo