Uma alta de quase 1% só nesta manhã de quarta-feira (9) coloca o Brasil como país mais afetado até agora, pela valorização do dólar frente a quase todas as moedas do planeta. Nem na Argentina, que recorreu ontem ao Fundo Monetário Internacional (FMI), o impacto é tão forte. Até o meio-dia, a verdinhas subiam ante o peso escassos 0,1%, um décimo do que ocorre no Brasil.
A alta abrupta e persistente da moeda americana no Brasil já começa a provocar debates sobre o efeito na inflação e, por consequência, na previsão de novo corte de 0,25 ponto percentual na reunião do Banco Central (BC) da próxima semana. O impacto cambial afeta preços de três tipos de produtos:
1. importados, com preço original dolarizado
2. com muitos componentes importados, como eletrônicos fabricados no Brasil, especialmente na zona franca de Manaus – TVs, celulares, caixas de som
3. produtos que, mesmo produzidos e manufaturados no Brasil, têm preço definido em mercados no Exterior e em dólar, caso, por exemplo, de gasolina e diesel, açúcar e soja
Como a inflação está muito baixa no Brasil, em 2,68% no índice acumulado nos últimos 12 meses, a alta do dólar não parece muito ameaçadora, como sugeriu o presidente do BC, Ilan Goldfajn, em entrevista na noite de terça-feira (8) à GloboNews. Perguntado sobre o impacto do câmbio nas decisões, voltou a afirmar que o BC só mira na inflação ao decidir sobre a taxa básica de juro.
Com a taxa acumulada ainda está muito abaixo do centro da meta, de 4%, esse raciocínio conduziria à efetivação do corte adicional de 0,25 ponto. Mas foi uma rara ocasião em que o discurso de Ilan provocou certo desconforto entre analistas, que temem que ele subestime o efeito em preços combustíveis.