A informação dada por jornais argentinos de que o presidente Mauricio Macri decidiu encaminhar consulta ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para enfrentar a crise cambial acentuada na semana passada tem potencial para respingar no Brasil. Se já havia temor de contágio sem a intervenção emblemática do FMI, deve se acentuar. Conforme o Clarín, o pedido de Macri pode chegar a US$ 30 bilhões. Ainda ão há confirmação oficial do governo argentino sobre o tamanho do socorro.
O dólar abriu em alta nesta terça-feira tanto na Argentina, onde era negociado a 23 pesos, quanto no Brasil, onde chegava a R$ 3,57 no início da tarde. O pedido de socorro ao FMI era um recurso ao qual países da América Latina não recorriam há anos – a negociação mais recente era com a Venezuela –, o que acentua a instabilidade do país vizinho.
A apreciação da moeda americana frente a várias outras decorre da expectativa do anúncio do presidente dos EUA, Donald Trump, de que o país vá abandonar o acordo antinuclear fechado com o Irã no governo Barack Obama. Na percepção de investidores, é uma manobra arriscada. Quando aumenta a percepção de risco, costuma haver fuga de mercados considerados mais frágeis, como os mercados emergentes.
Na segunda-feira (7), a agência de classificação de risco Standard&Poor's alertou que essa piora do cenário externo tende a elevar os prêmios de risco da América Latina, especialmente do Brasil. A consequência seria a redução da entrada de dólares para o mercado financeiro local, tanto bolsa de valores quanto aplicações em títulos do governo.
A projeção da S&P é de que o nível do Credit Default Swap (CDS) do Brasil, instrumento usado para proteção a calotes de dívida soberana, dispararia até 300 pontos. Hoje, é negociado em torno de 190 pontos.