Presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, havia avisado: a instituição estaria pronta para acionar o freio no câmbio caso fosse necessário. E foi. Diante da alta de 1,3% da moeda americana frente ao real, que encostrou em R$ 3,55, o BC anunciou no final da tarde desta quarta-feira (2) a retomada dos leilões de instrumento que equivale à venda de dólares no mercado futuro, o swap cambial.
Ao anunciar a medida, a instituição afirmou que "com objetivo de suavizar movimentos no mercado de câmbio, o Banco Central irá ofertar quantidade de contratos superior à necessária para a rolagem integral desse vencimento (referência a 1º de junho)".
Mais claro, impossível. O fechamento desta quarta foi o mais alto em quase dois anos no Brasil. A causa, previsível, foi a reunião do comitê de política monetária do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), que, embora não tenha alterado a taxa de referência, deu sinais de que o juro pode ter uma alta extra, além das duas esperadas para este ano.
Em dia de alerta no câmbio, a bolsa de valores também deu sinal negativo ao cair 1,82%. Parte também por conta do cenário nos EUA, parte pela reação inesperada das ações do Itaú Unibanco, que caíram 4,53% em dia que o banco anunciou aumento de 3,9% no lucro do primeiro trimestre. Nesse momento, o papel do maior banco privado do país tem o maior peso no Ibovespa, principal indicador de desempenho da bolsa.
Outro assunto que o mercado teve de digerir foi a decisão do governo dos Estados Unidos de impor restrições à exportação de aço do Brasil, mesmo em produtos semiacabados, que são consumidor por siderúrgicas americanas. Depois de contradições do governo brasileiro, o Instituto Aço Brasil teve de esclarecer a situação: haverá cotas para todos os produtos.
Os que mais pesam nas exportações brasileiras aos EUA enfrentarão barreira menor, mas ainda assim haverá perdas. Não na casa dos bilhões, como chegou a se temer, mas na casa das centenas de milhões. Como caracterizou a entidade que representa o setor, “não é de todo ruim”.