Havia dúvidas, até poucos instantes, se a especulação sobre Pedro Parente, presidente da Petrobras, assumir o conselho de administração da BRF, significava que haveria vaga no principal cargo da maior estatal do Brasil. Há pouco, a Petrobras enviou nota sobre o assunto. Conforme o comunicado, "não haverá qualquer mudança no exercício de sua função de Presidente (letra maiúscula no original) desta empresa".
O contexto da nota, porém, não é um desmentido sobre Parente poder assumir a presidência do conselho da BRF. Menciona "informações extraoficiais" sobre a indicação "para a presidência de Conselho de Administração de outra companhia de capital aberto no país", sem desmenti-las.
A nota segue, ainda, explicando que, conforme "entendimento havido durante o convite para assumir a presidência da estatal, (Parente) pode participar do conselho de uma empresa fora do Sistema Petrobras, desde que não exista conflito estrutural de interesses, de acordo com o Estatuto Social da companhia".
Até agora, Parente acumulava o comando executivo da Petrobras com a presidência do conselho da B3, a bolsa de valores do Brasil. A instituição, que passou por grandes mudanças nos últimos anos, absorvendo primeiro a Bolsa de Mercadorias & Futuros, depois da Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos (Cetip), mas não é uma atividade que exija atenção total. Tem um monopólio consolidado.
Ao contrário, a BRF enfrenta desafios internos e externos. Nos externos, está em um mercado disputado, com grandes concorrentes nacionais e internacionais. No interno, a empresa encara uma de suas maiores crises, em que há questionamentos até sobre as condições de a empresa seguir administrando com eficácia sua rede de fornecedores. Isso sem contar o provável embargo da União Europeia sobre suas exportações. Conciliar Petrobras com BRF é algo como pilotar dois aviões ao mesmo tempo.