Ouça versão em áudio da coluna de Marta Sfredo
Pouco antes da divulgação do balanço da Petrobras no primeiro trimestre, que apontou lucro de R$ 4,45 bilhões, a informação havia vazado e criado expectativa sobre o resultado. Antes desta quinta-feira, a expectativa de analistas era de um valor pela metade do que foi divulgado, em linha com o obtido no período anterior, entre outrubro e dezembro do ano passado. É bom lembrar que, no período de janeiro a março de 2016, a Petrobras amargou prejuízo de R$ 1,2 bilhão.
A volta dos lucros bilionários da estatal reforça a gestão de Pedro Parente justo no momento em que suas posições provocavam desconforto na indústria nacional. O que incomoda é a visão de Parente sobre a política de conteúdo local. O executivo insiste que a exigência provoca perdas e atrasos, mas um grupo formado por entidades empresariais argumenta que a estratégia do presidente da estatal gera riqueza e renda no Exterior. Mais ainda, que isso é feito com renúncia fiscal, portanto o Brasil estaria financiando o movimento.
Como a estratégia de desinvestimento ainda não deu resultados práticos – poucas vendas de ativos foram efetuadas –, uma ajuda no desempenho foi a redução de 34% no investimento, em relação a igual período do ano passado. De janeiro a março, aportes para projetos se limitaram a R$ 9,3 bilhões. A Petrobras cortou ainda 27% das despesas gerais e de venda, 18% nas operacionais e 17% em pessoal, resultado de PDV.
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A poda mais crucial foi menor no trimestre. A dívida líquida recuou 5% em relação ao período anterior e ainda roda em R$ 301 bilhões. Embora ainda muito pesada, já foi aliviada em quase R$ 70 bilhões na comparação com março de 2016. Até o final de 2018, o plano é vender ativos com valor de até R$ 21 bilhões. Habitualmente contido, Parente cometeu um quase autoelogio:
– Sem dúvida nenhuma, foi um bom trimestre para a nossa companhia.
E, sabendo que vai enfrentar resistências não só externas, mas internas, fez um agrado aos petroleiros, quem agradeceu pela contribuição para o resultado.
