É impressão nossa ou essa edição do Campeonato Brasileiro tem a corrida pelo título mais disputada dos últimos anos? Podemos ter certeza que o cenário apresentado neste mês de outubro, com a flagrante e acentuada queda do líder Botafogo, é algo bastante incomum à esta altura da competição. Porém, não é inédito.
O Botafogo chegou a ter 13 pontos de diferença para o vice-líder, que curiosamente era o Grêmio. Isto ocorreu após a última rodada do primeiro turno. Na oportunidade, os cariocas somavam 47 pontos contra 34 dos gremistas. A propósito, o Palmeiras tinha a mesma pontuação, mas estava em terceiro pelos critérios de desempate.
O returno do líder passou a ser de um time rebaixado. Com apenas 33,3% de aproveitamento, o Botafogo amarga três derrotas seguidas e vê os concorrentes se aproximarem assiduamente. A distância do primeiro para o sexto colocado caiu para apenas seis pontos. Ou seja, a taça passa a ser disputada por seis equipes após a 32ª rodada. Incrível, certo? Qual campeonato no mundo tem isso?
É bem verdade que o Botafogo tem um jogo atrasado, assim como Flamengo e Bragantino. Mesmo assim, a margem de segurança da "ex-sensação" do Brasil já não existe mais. O Palmeiras está empatado em pontos com os botafoguenses, mas segue atrás por conta do número de vitórias.
Outras edições tão acirradas como essa são lembradas a partir daqui. Afinal, houve campeonato mais disputado faltando seis rodadas para terminar? A resposta é sim. No Brasileirão de 2009, a distância do líder para o sexto era exatamente a mesma, de seis pontos. O Palmeiras liderava, mas o Flamengo (o último do G-6) que foi campeão no fim, brigava pelo título com o Inter nos jogos finais.
Em 2008, houve algo parecido e até hoje é lembrado. O Grêmio chegou a abrir 11 pontos do São Paulo e perdeu o título para os paulistas. Na 32ª rodada, a distância do Tricolor para o quinto era de três pontos, porém não havia o sexto elemento. Já em 2011, apenas sete pontos separaram o primeiro colocado Corinthians do sexto Inter.
Aliás, na Era dos pontos corridos, o líder do Brasileirão, após a 32ª rodada, só não ficou com o título ao final da competição em quatro ocasiões. Além da já citada situação do Palmeiras em 2009, o Athletico-PR (2004), o Grêmio (2008) e o Inter (2020) também viveram o mesmo ingrato drama.
Na maioria dos casos, como o atual formato costuma premiar, existe uma regularidade do campeão, que consegue distanciamento para os demais e tem capacidade de administrar sua caminhada rumo ao título. Casos explícitos do São Paulo (2006 e 2007), do Cruzeiro (2003, 2013 e 2014), do Flamengo (2019), do Palmeiras (2018 e 2022) e do Atlético-MG (2021). Times que praticamente pulverizaram a graça do campeonato.
Se o Botafogo realmente deixar escapar o título brasileiro em 2023, estará exposto um caso para a história do Brasileirão. De qualquer forma, a reta final da competição esquenta uma provável grande disputa entre seis clubes e exibe ao mundo a força da liga dos brasileiros.
Brasileiros após a 32ª rodada:
2023
- Botafogo - 59
- Palmeiras - 59
- Bragantino - 58
- Grêmio - 56
- Atlético-MG - 53
- Flamengo - 53
2008
- Grêmio - 59
- São Paulo - 59
- Cruzeiro - 58
- Palmeiras - 58
- Flamengo - 56
2009
- Palmeiras - 57
- São Paulo - 55
- Atlético-MG - 53
- Inter - 52
- Cruzeiro - 51
- Flamengo - 51
2011
- Corinthians - 58
- Vasco - 58
- Botafogo - 55
- Fluminense - 53
- Flamengo - 52
- Inter - 51