Desde abril, quando se iniciou a segunda temporada do Caminhos para a Vitória, o reality que participo com a Alice Bastos Neves, toda a terça, no Globo Esporte, a gente tem mostrado a nossa preparação para a Copa do Mundo no Catar. Primeiro começamos a cuidar do corpo para a cobertura do evento que ocorrerá entre novembro e dezembro.
Além de estarmos preparados na parte física e aprendendo questões culturais, econômicas e políticas do país, o aspecto mental entrou na pauta das aulas ministradas pelos professores da PUCRS. Nessa história toda há um ponto fundamental, que precisa ser muito combatido. Por isso, meus caros leitores, precisamos aprofundar essa conversa aqui em GZH.
A ansiedade é uma palavra que está cada vez mais presente na vida de muita gente. O mundo moderno — da tecnologia, redes sociais, likes, perfeições postadas no Instagram — é o principal culpado por vivermos tanto no limite. Por exemplo, no tempo em que não tínhamos os nossos potentes celulares, que falam, gravam e reproduzem, éramos felizes e não sabíamos. Podíamos “sair de órbita”.
Hoje sofremos horrores internamente quando alguém demora cinco minutos para responder um WhatsApp. Ou entramos em um verdadeiro pânico, quando determinada pessoa não liberou para você saber se ela leu ou não a mensagem recebida no aplicativo.
Tudo tem pressa. É para ontem. Cada vez mais me convenço que estamos ficando neuróticos. Deixo a pergunta: essa é a vida que queremos daqui para frente?
Por que temos que mergulhar nessa loucura? Nós não vivemos décadas e mais décadas de forma mais calma? Será que não éramos mais felizes e menos acelerados? Ou então, mais respeitosos com os outros? Não ouvíamos melhor o semelhante? E os amigos conversavam mais, frente e frente, além da tela do celular?
A ansiedade está aí com tudo. Infelizmente, veio para ficar. Ela também poderia ser chamada de agonia. Ou talvez angústia. Quem sabe aflição, medo ou receio. Vivemos a era da tarja preta. Na psicologia, o conceito para o problema é apontado como uma condição emocional de sofrimento, definida pela expectativa de que algo inesperado e perigoso aconteça, diante da qual o indivíduo se acha indefeso.
A competitiva vida profissional nos traz ansiedade. O medo de ficar estagnado no trabalho também. O pavor de ser demitido e não se recolocar no mercado. O pavor de ter dificuldades financeiras com boletos chegando aos borbotões e não serem pagos.
A necessidade de ter de matar um leão por dia, os cuidados com a família e o medo da violência urbana. Batalhar pela felicidade nos relacionamentos amorosos. Saber lidar com a reclamação pela presença física por parte dos amigos.
Na minha vida, sou exigente (principalmente comigo) e perfeccionista. No trabalho, me cobro demais. Se bobear, já li e reli esse texto duzentas vezes questionando se está passando o que eu queria. Por vezes, até mesmo alimento a síndrome do impostor.
Mas que raios é isso? Nada mais é do que um padrão de comportamento identificado em pessoas que questionam suas próprias realizações e temem serem interpretadas como uma fraude. Como funciona? O indivíduo constrói dentro da cabeça uma percepção de si mesmo de incompetência ou insuficiência. Em resumo: uma autossabotagem.
Voltando à ansiedade: de alguma forma a gente precisa afastá-la da nossa vida. Ou, ao menos, minimizar os seus efeitos. Cada um encontra suas formas, nem sempre as mais corretas. Confesso que quando quero descartar as tensões do dia a dia eu recorro à comida. Por mais que esteja tendo de cuidar da rotina alimentar, tudo se acalma no ato de comer. Tenho prazer em saborear as coisas que gosto.
É um esforço supremo abrir mão dos alimentos mais saborosos. Mas quando o estresse chega no limite, um xis, uma pizza, uma cerveja, um chocolate ou uma massa são válvula de escape para as tensões. E óbvio que isso está muito errado. Mas é um longo processo de conscientização.
Por fim, posso dizer que a atividade física é grande aliada para aliviar tensões. Uma aula na academia tem me feito efeitos positivos que eu não acreditava. A saúde — física ou mental — precisa ser prioridade. Talvez, o grande segredo da vida seja não se levar tão a sério.