O reality do Globo Esporte, o "Caminhos para a vitória", tem colocado alguns desafios para mim e para a minha parceira Alice Bastos Neves na preparação para a Copa do Mundo no Catar. Com certeza, nos divertimos muito. Mas tratamos tudo como algo muito sério. O pontapé inicial do projeto foi pela parte física, começando a ter todos os cuidados com a nossa saúde. A prática esportiva acabou virando rotina, com todo suporte da equipe da academia do Parque Esportivo da PUCRS e dos fisioterapeutas do Centro de Reabilitação.
Com base naquilo que já fizemos até aqui, coloco uma questão importante. Qual será qual o nosso verdadeiro limite? Me olhando no espelho, vejo alguém com 2m5cm de altura, com histórico de obesidade, diabetes e sedentarismo. Um cenário para dar tudo errado. Posso até perder algumas batalhas. e não conseguir treinar como gostaria. Ou derrapar no abuso da comida nos finais de semana. Mas tenho total certeza que no final não perderei a guerra.
Respondendo a pergunta que fiz no parágrafo anterior, ainda não sei qual o meu verdadeiro limite. Correr o tempo inteiro nos 4km250m da rústica na Maratona de Porto Alegre, em junho, era algo inimaginável. Me preparei para correr e caminhar para completar o percurso. Na hora, consegui manter a mesma passada por todo o trajeto. Fiquei com a sensação que posso mais, que posso perder mais peso e que posso ficar mais saudável.
Tenho consciência que a minha história é rigorosamente igual a de muitas pessoas, que também lutam contra a balança para buscar uma vida mais saudável.
Em Caminhos para a Vitória e no caderno Vida de Zero Hora, da semana passada, contamos o caso inspirador do médico Daniel Papich Krost, que sempre teve problemas com a obesidade. Hoje, com uma silhueta completamente diferente, ele saboreia os quilômetros percorridos nas provas de rua que já participou.
Voltando para a questão dos limites, queria compartilhar uma história inspiradora que conheci durante a apresentação do Show dos Esportes na Rádio Gaúcha nesta quinta-feira (28). Conversei com a corredora de trilhas e montanhas, Ivania Rambo, moradora da cidade de Feliz, no Vale do Caí. Como é um esporte amador, ela encara uma rotina de treinos misturada com o trabalho. Superar limites é o seu lema.
A corrida surgiu na vida de Ivânia com uma prova de 7km em uma rústica na Feliz. De cara, terminou em segundo lugar. Naquele momento, surgiu a paixão pelo esporte. No início, corria apenas provas de asfalto. Até o dia que foi convidada para participar de uma prova nas trilhas do Morro da Tapera em Porto Alegre. Foi amor à primeira vista. De lá para cá, foram muitas provas correndo no chão batido, subindo e descendo morros e atravessando riachos. Verdadeiras aventuras.
O resultado recente mais importante foi conquistado pela atleta gaúcha em maio com o primeiro lugar na Jaraguá SkyMarathon, corrida de 50km, na cidade de Jaraguá do Sul em Santa Catarina. Imaginem correr essa distância em uma prova repleta de obstáculos. O desempenho de Ivania acabou rendendo uma convocação para participar do Campeonato Mundial de Skyrunning, de 9 a 11 de setembro, na Itália, fazendo parte da equipe brasileira.
Qual é o limite de Ivania? Ela acorda às 4h30min para treinar levando uma lanterna na cabeça para encarar a escuridão da madrugada. Às 7h, já tem que estar de volta para trabalhar como agricultora na produção de morangos. Na parte da tarde, trabalha como faxineira. Ainda sobra tempo, no final do dia, para fazer um treinamento funcional e fisioterapia. E a gente ainda procura desculpas esfarrapadas para não ir na academia.
Como pratica um esporte amador para realizar um sonho e chegar na Itália, Ivania precisa buscar patrocínio para custear as passagens e a hospedagem. Gostou da história e quer ajudá-la? Participe da vaquinha que está sendo feita pelos amigos da atleta no site www.vakinha.com.br/2996456. Além disso, vale também um pix, usando como chave o e-mail ivanianomundial@gmail.com. Bora ajudar, sonhar e testar os seus limites.