A Seleção Brasileira de Fernando Diniz terá uma base remanescente da Era Tite. Não poderia ser diferente. São 12 nomes que estiveram no Catar. Porém, a mudança na forma de pensar o time fica mais perceptível a partir das laterais.
Na direita, Danilo ainda deve começar como titular, à frente do ex-gremista Vanderson. Pela experiência e por ser um dos nomes que fará a passagem de bastão. Danilo é uma liderança no vestiário da Seleção, pela trajetória, com clubes como Real, City e Juventus, e pela capacidade intelectual.
Trata-se de um sujeito cujo perfil é incomum no futebol. No lado esquerdo, porém, a mão de Diniz estará mais evidente. Caio Henrique tem tudo para começar as Eliminatórias como titular.
O novo técnico deixou de fora os dois Alex levados por Tite ao Catar, o Sandro e o Telles. Foram chamados Renan Lodi, presente em boa parte do último ciclo de Copa, e Caio. A minha aposta nesse último se dá pelo fato de que foi Diniz quem fez dele um lateral-esquerdo. Foi na passagem anterior do técnico pelo Fluminense, em 2019.
No começo daquele ano, o técnico recomendou a contratação do então meia, mesmo que ele tenha participado do rebaixamento do Paraná para a Série C. Caio estava emprestado ao clube paranaense, pelo Atlético de Madrid. Havia surgido no Santos e levado muito jovem ainda pelo clube espanhol. Era desconhecido aqui.
No Fluminense, em um jogo contra o Antofagasta, pela Copa Sul-Americana, Diniz havia ficado sem os dois laterais-esquerdo, Marlon e Mascarenhas, e escalou Caio na função. Ele foi eleito o melhor em campo. Era março, o ano recém havia começado. Terminou com Caio eleito o melhor lateral-esquerdo do Brasileirão. A partir dali, sua carreira mudou de rumo.
O Atlético topou emprestá-lo ao Grêmio, com a condição de liberação em caso de proposta. Ela veio, do Monaco. Caio havia feito apenas cinco jogos pelo clube gaúcho. No Monaco, virou um dos melhores da posição na França.
Nesta temporada, são quatro jogos, quatro assistências e quatro chances criadas. Segundo o Sofascore, recuperou 22 bolas, o que dá média de mais de cinco por jogo. Um número que mostra o quanto se transformou em lateral.
Para Diniz, contar com um meia de origem na posição ajuda na forma como constrói as jogadas na fase ofensiva. Os laterais até chegam à linha de fundo, mas normalmente são articuladores quando estão com a bola. Sem contar que deixam as beiradas para os extremas e viram meias por dentro. É só ver como Marcelo joga no seu Fluminense. E também como faz Samuel Xavier do outro lado, em um movimento que Danilo já fazia na Era Tite.