Com mais vagas em jogo, um novo ciclo de Copa do Mundo começa hoje, com a largada das Eliminatórias Sul-Americanas. Dez seleções buscam a qualificação para o Mundial de 2026, que será disputado em três países: Canadá, Estados Unidos e México.
A próxima edição do torneio será marcada pelo aumento do número de participantes, passando de 32 para 48 seleções. A América do Sul poderá ter até sete representantes, caso o sétimo colocado nas Eliminatórias vença a repescagem — até 2022, o continente tinha quatro vagas diretas e mais uma de repescagem.
— O problema das Eliminatórias, mesmo quando havia quatro vagas e mais uma de repescagem, é que tira qualquer chance de confrontos com os europeus no ciclo da Copa. Ainda mais depois que a Uefa criou a Nations League e se fechou em seu clube exclusivo. Como temos, em 18 jogos, quatro que podemos classificar como confronto sde alto nível, os demais pouco ajudam a balizar o trabalho — comenta Leonardo Oliveira, comentarista da Rádio Gaúcha e colunista de GZH.
Pentacampeão mundial, o Brasil é o único país que disputou todas as Copas — e pelo retrospecto recente nas Eliminatórias e pelo aumento de vagas, não deve ter problemas para participar pela 23ª vez da principal competição do futebol do planeta.
Outra favorita é a Argentina. A atual campeã mundial quer manter o bom momento e o domínio recente no continente — conquistou também o título da Copa América, em 2021. Já Uruguai, Colômbia, Chile e Equador surgem como principais candidatos às demais vagas diretas. Paraguai, Bolívia, Peru e Venezuela correm por fora.
— Nunca houve Eliminatórias fáceis assim. Tirando a Venezuela, onde o esporte preferido é o beisebol, e Bolívia, que segue com futebol quase amador, sobram oito candidatos para sete vagas. Vai ter jogo com estádio quase vazio, pode apostar — avalia Diogo Olivier, comentarista da Rádio Gaúcha e colunista de GZH.
Serão 18 rodadas, com cada país se enfrentando duas vezes, uma em casa e outra fora. Os seis melhores classificados garantem vaga direta para 2026, enquanto o sétimo colocado vai disputar a repescagem.
— As Eliminatórias sempre foram fáceis para o Brasil, pela distância que separa o grupo que formamos com Uruguai e Argentina. Por vezes, nos atrapalhamos, mas muito mais pelos equívocos da CBF. Como seis seleções e mais uma vaga na repescagem, podemos dizer que as Eliminatórias se tornaram protocolares — afirma Leonardo Oliveira.
Favoritos ao título das Eliminatórias
Brasil
Todas as 22 Copas do Mundo até hoje tiveram a presença da Seleção Brasileira. Após dois ciclos com Tite, a Seleção começa uma nova era ainda à espera de Carlo Ancelotti em 2024. Enquanto o italiano não chega, o trabalho ficará a cargo do interino Fernando Diniz, que manteve alguns nomes em relação ao Mundial do Catar em 2022, e trouxe algumas novidades em sua primeira convocação.
— No Brasil, o lugar em que tudo fica para depois, nem técnico para o ciclo de 2026 nós temos muito em razão dessas novas eliminatórias. É moleza ir ao Mundial. Mas a preparação vai piorar, pela falta de urgência em ganhar. Em resumo: as eliminatórias viraram armadilha. Não tem risco de ficar fora, mas aumenta a chance de não fazer time — analisa Diogo Olivier.
Time base: Alisson; Danilo, Marquinhos, Gabriel Magalhães e Renan Lodi; Casemiro, Bruno Guimarães e Neymar; Rodrygo, Vinicius Júnior e Richarlison. O atacante Vini Jr. será titular durante o ciclo, mas estará ausente das duas primeiras rodadas por conta de uma lesão.
Argentina
Os argentinos não disputaram as Copas de 1938, 1950 e 1954. Após a criação das Eliminatórias, não conseguiu a classificação apenas uma vez, em 1970. A outra ocasião na qual os hermanos não precisaram disputar a vaga foi em 1978, quando sediaram o mundial.
Após conquistar o tricampeonato no Qatar, os argentinos vão manter o trabalho de Lionel Scaloni. A principal dúvida será a presença de Messi na Copa de 2026. O craque já disse que não atuará no próximo Mundial, mas foi convocado para os primeiros jogos das Eliminatórias.
Time base: Emiliano Martínez; Molina, Romero, Otamendi e Tagliafico; De Paul, Enzo Fernández e Mac Allister; Di María, Messi e Julián Álvarez (Lautaro Martínez).
Os desafiantes
Uruguai
Primeira seleção a conquistar a Copa, em 1930, a Celeste já participou de 14 Mundiais. Ficaram de fora seis vezes por não conseguir a classificação nas Eliminatórias.
Para o ciclo de 2026, o Uruguai terá Marcelo Bielsa como treinador e a esperança de conseguir resultados melhores do que os conquistados nas últimas Copas. Tendo o goleiro Rochet, do Inter, e o volante Carballo, do Grêmio, entre os convocados, os uruguaios vão tentar bater de frente com Brasil e Argentina.
Time base: Franco (Rochet); Puma Rodríguez, Sebastián Cáceres, Santiago Bueno e Lucas Olaza; Emiliano Martínez, Manuel Ugarte e Valverde; Pellistri, Brian Rodríguez e Darwin Nuñez.
Colômbia
Os colombianos participaram de seis Copas na história, mas ficaram de fora da edição do Catar. Com o fracasso nas últimas Eliminatórias, iniciaram uma renovação na equipe.
O argentino Néstor Lorenzo foi escolhido para comandar a seleção. Luis Díaz é o grande nome do time, que conta com alguns jogadores no futebol brasileiro.
Time base: Vargas; Muñoz, Mina (Sánchez), Lucumí e Deiver Machado; Matheus Uribe, Lerma, Cuadrado e John Arias; Luis Díaz e Borré.
Equador
Com quatro participações em Copas, foi só neste século que o Equador passou a se destacar nas Eliminatórias. A primeira participação em Mundial foi em 2002. O técnico Félix Sánchez conta com jogadores cada vez mais qualificados. Enner Valencia, do Inter, e Moisés Caicedo, maior contratação da última janela do futebol europeu, são as referências da equipe.
Time base: Domínguez; Léo Realpe, Arboleda e Pacho; Preciado, Alcivar, Cifuentes, Caicedo e Estupiñán; Mena e Enner Valencia.
Chile
Com oito participações em Copas, a seleção chilena decepcionou no último ciclo e ficou de fora do Mundial de 2022. O país vê o fim de uma geração vencedora na década passada, mas alguns jogadores importantes na conquista do bicampeonato da Copa América continuam na La Roja.
Com Eduardo Berizzo no comando, o Chile segue com Gary Medel, o colorado Charles Aránguiz, Arturo Vidal e Alexis Sánchez como pilares, mas busca a renovação para voltar ao Mundial.
Time base: Cortés; Delgado, Medel, Maripán e Suazo; Erick Pulgar, Valdés, Aránguiz e Vidal; Sánchez e Brereton.
Correm por fora
Bolívia
A primeira adversária do Brasil teve 48 jogadores convocados pelo técnico Gustavo Costas, que testou jogadores até definir a lista final as duas primeiras rodadas. Com jogadores do Bolívar, eliminado pelo Inter na Libertadores, e Marcelo Moreno, ex-Grêmio, como referência, os bolivianos sonham com a vaga no Mundial, especialmente com o aumento de representantes do continente.
No atual formato de Eliminatórias, a seleção andina ainda não conseguiu classificação para a Copa. Foram apenas três aparições na história: em 1930 e 1950, quando participou como convidada, e 1994, quando se classificou no mesmo grupo do Brasil.
Time base: Carlos Lampe; Medina, Justino, Zabala e Fernández; Bejarano, Arrascaita, Miguel Terceros, Ursino e Jeyson Chura; Marcelo Moreno.
Paraguai
Os paraguaios participaram de oito Mundiais, tendo a melhor sequência entre 1998 a 2010. Mas desde a edição da África do Sul, vêm acumulando decepções nas Eliminatórias.
Para retornar à Copa depois de 16 anos, o técnico Guillermo Schelotto vai contar com alguns jogadores importantes no futebol brasileiro, como Villasanti, do Grêmio, e Gustavo Gómez, do Palmeiras. Os principais nomes são Julio Enciso e Miguel Almirón, que estão se destacando na Premier League.
Time base: Rojas; Cáceres, Balbuena, Gómez e Junior Alonso; Rojas, Ojeda, Villasanti e Almirón; Enciso e Ávalos.
Peru
A seleção peruana, que contabiliza cinco presenças em Mundiais, conta com jogadores experientes para voltar à Copa. O treinador Juan Reynoso terá de lidar com um time limitado, mas que é experiente em grandes competições. A base é parecida com a de 2018, a última participação do país no evento. Aos 39 anos, o centroavante Paolo Guerrero ainda é a principal referência da equipe.
Time base: Gallese; Lora, Zambrano, Santamaría e López; Cartagena, Yotún, Peña, Lapadula e Bryan Reyna; Guerrero.
Venezuela
É a única seleção sul-americana sem participação em Copas do Mundo. Para conquistar a inédita vaga, o técnico Fernando Batista chamou nomes conhecidos, como Soteldo, do Santos, Savarino, ex-Galo, e no ataque Salomon Rondón, com passagem pela Europa, e Josef Martínez, companheiro de Messi no Inter Miami.
Time base: Romo; Del Pino, Aramburu, Osorio e Chancellor; Rincón, Pereira e Soteldo; Savarino, Rondón e Martínez.