A notícia trazida pelo Eduardo Gabardo e pelo Marco Souza durante o Sala de Redação tem efeito de abalo sísmico no contexto do Grêmio. O desejo de Luis Suárez de se aposentar em um curto espaço de tempo, derrotado pelas dores no joelho direito, estremece não apenas o time, mas todo o projeto de retomada do clube.
A reconstrução do clube depois de deixar a Série B está centrado em Suárez. O uruguaio foi o principal catalisador desse resgate do orgulho do torcedor, do atingimento histórico de 100 mil sócios e do crescimento técnico do time. Quando foi buscá-lo no Uruguai, numa manobra ousada, o presidente Alberto Guerra projetou contar com os gols e a imagem de um dos maiores centroavantes do mundo.
É verdade que a retomada do Grêmio não se deu apenas pela potência técnica e midiática de Suárez. Havia ali outros valores trazidos por essa gestão, como Carballo, Pepê, Cristaldo e Reinaldo, para citar os mais exponenciais. Um novo time foi montado, tanto é que ficaram de remanescentes de 2022 apenas o goleiro, os dois zagueiros e o volante. Só que todos eles foram acelerados pela onda positiva criada com a chegada do astro uruguaio.
O futuro imediato da relação entre Grêmio e seu centroavante ainda está em aberto. Dias antes do jogo contra o Flamengo, ele procurou a direção para revelar seu desejo de se aposentar. As dores no joelho estavam vencendo-o de goleada. Jogar estava virando um martírio, recuperar-se deles, uma tortura que o impedia de desfrutar dos momentos com a mulher e os filhos.
A família é o pilar de sustentação de Suárez. Sempre deixou muito evidente isso. Quem esteve no Maracanã conta que o centroavante entrou carregado no vestiário, pelas dores no joelho. A partir daí, ele passou a insistir na ideia de encerrar a carreira e abortar com seis meses o projeto de dois anos em Porto Alegre.
Caso se confirme essa ideia, o Grêmio precisará, obviamente, entregar um outro nove para Renato. Precisará ser um jogador de estirpe, que desembarque aqui e consiga sobreviver sob a sombra de alguém do tamanho de Suárez. Mas, mais importante do que trazer outro centroavante, o clube precisará lidar com vazio existencial que ficará sem o uruguaio.