A sombra que o Inter Miami faz crescer para cima da Arena do Grêmio, em busca de Luis Suárez, é só uma ponta de um movimento que o mercado norte-americano faz no futebol. A chegada de Messi à MLS está conectada, evidentemente, à Copa de 2026.
O eixo da bola neste próximo ciclo está direcionado para os EUA. Em 2024, teremos lá a Copa América, com as 10 seleções da Conmebol e seis da Concacaf. Em 2025, o país receberá o primeiro SuperMundial de Clubes, com 32 times de todos os continentes.
O ápice da festa futeboleira, é claro, virá em 2026, com a primeira Copa do Mundo com 48 seleções. A competição será compartilhada com os vizinhos Canadá e México. Pela primeira vez, teremos três países-sedes. Porém, a fatia norte-americana será bem maior.
São 11 cidades-sedes nos EUA (Seattle, São Francisco, Los Angeles, Kansas City, Dallas, Atlanta, Houston, Boston, Filadélfia, Miami, Nova York), duas no Canadá (Vancouver e Toronto) e três no México (Guadalajara, Monterrey e Cidade do México).
Money no país
O futebol nos EUA, embora siga fielmente o modelo norte-americano de fazer esporte, colocando lado a lado entretenimento e competitividade, dá sinais fortes de crescimento.
A MLS iniciou 2023 com sua 29ª franquia, St. Louis, e pretende anunciar até o final do ano a 30ª. Las Vegas e San Diego disputam para ser endereço do novo clube. Mais, segundo levantamento da Pluri Consultoria, a MLS terminou 2022 com a sexta melhor média de público entre as principais ligas do mundo.
À frente, por exemplo, de Itália, Holanda e México. Foram 21.441 pessoas por partida. O Brasileirão, quarto no ranking, teve 21.646 como média.
Money no Exterior
Os investidores norte-americanos que fazem o futebol decolar no país perceberam sua potência também fora dele. A abertura de mercados novos de S/As, como o Brasil, e o pós-pandemia os motivaram a colocar seus dólares na rua e embarcar em projetos de multiclubs ownership (proprietários de vários clubes, numa tradução rápida).
No Brasil, John Textor comprou o Botafogo. No mesmo ano, ele já havia comprado mais uma fatia do Lyon e se tornado sócio majoritário, com 66,56%. Além destes, Textor tem participação no Crystal Palace, 40%, e é dono do Molenbeek, da Bélgica.
A 777 Partners adquiriu 70% da SAF do Vasco, é dona do Genoa e tem participação minoritária no Sevilla. Na Itália, além do Genoa, o clube mais velho do país, outros sete times da elite são geridos por norte-americanos.
Na Inglaterra, com a compra do Chelsea pelo magnata Todd Bohely, por US$ 5 bilhões, 10 dos 20 clubes da Premier League na temporada 2022/2023 estavam nas mãos ou tinham participação de norte-americanos. E com pesos-pesados: United, Arsenal e Liverpool.
Olho na França
O mais recente estudo do Cies, o Observatório de Estudos do Futebol, apontou os países com maior número de jogadores no Exterior. Foram analisadas 135 ligas e 1.220 clubes. O Brasil, é claro, lidera, com 1.289 atletas.
O que chama a atenção é o segundo lugar da França, com 1.033. Estamos falando de um país com 67,7 milhões de habitantes, que consegue exportar quase a mesma quantidade de talentos que o Brasil, um gigante de 214 milhões de pessoas. Pois os norte-americanos perceberam a fertilidade das categorias de base francesas e passaram a investir pesado lá.
Bohely, dono do Chelsea, acaba de arrematar o Racing Strasbourg por 75 milhões de euros. Assim, se torna o quinto clube da Ligue 1 a ser controlado por norte-americanos.
Os outros são o Lyon, de Textor, o Le Havre, o Toulouse e o gigante Olympique, dono da maior torcida da França. Vale lembrar que a 777 Partners é dona do Red Stars, da Terceira Divisão. O Nancy, também da terceira divisão, tem participação norte-americana.