Romildo Bolzan Júnior venceu a covid-19. "É o que dizem os médicos", brinca ao telefone ao atender a coluna. Talvez isso também o ajude a ver sem muita apreensão o cenário pós-coronavírus que espera o futebol. O presidente do Grêmio aposta em soluções imediatas para a superar a crise econômica que se avizinha e não vê no horizonte mudanças culturais ou de hábito, como muitos esperam que fiquem de legado dessa pandemia que colocou o mundo de joelhos. Na tarde deste domingo (5), Romildo conversou comigo e, entre outras informações, avisou que o Conselho Nacional de Clubes volta a se reunir nesta terça-feira com a CBF para atualizar cenários em meio a essa quarentena. Confira trechos:
Presidente, é possível fazer alguma projeção sobre os efeitos que a quarentena terá no futebol e na vida financeira dos clubes? Há especialistas que falem em dois anos de efeitos.
Serão três ou quatro meses, nada além disso. Não é possível fazer diagnóstico posterior a isso para algumas soluções. Crise não é solução dos problemas. Crise é crise, não imagino revolução cultural, grandes mudanças de hábitos e comportamentos. Particularmente, não acredito nisso. Teremos consequências, reflexos, que devemos levar em conta em função desse momento. Mas não vai mudar grande coisa. Não vamos mudar fórmulas de campeonatos, questões financeiras. Não alteraremos grandes situações. Haverá a crise e teremos suas consequências. Pode mudar a janela, sim. Mas teremos de criar condições para esse momento e, logo em seguida, tudo se normalizará. Não há ambiente revolucionário, em que mudará tudo. A crise vai dar a oportunidade para resolver as coisas da hora.
O senhor estima que os efeitos, a partir da retomada, durem quatro meses?
O Grêmio trabalha com um cenário de três, quatro meses. Mas, se a situação se colocar diferente, muito própria, avaliaremos o cenário ao final desses três, quatro meses. Não acredito que passe disso. Não estaremos diante de coisas novas, em que todos vão alterar comportamentos. Passada essa crise, voltará a situação normal. Não estamos modificando tudo por causa da crise. Resolve-se os desafios adaptando-se a ela, ponto final. Depois, veremos o que acontecerá. O Grêmio avalia dessa maneira, não estamos conjecturando, imaginando situações novas. Se vierem a gente se adequa a elas.
É possível projetar uma retomada do futebol a partir das conversas com as confederações e outros dirigentes?
Se a previsão é de que se acelerará aqui em abril (a pandemia), se a Conmebol não der prazo superior (a maio), se o Brasileirão tiver dificuldade de trânsito São muitas condicionantes Não é possível nem ter noção de que teremos um prazo inicial para começar a pensar em jogar. Precisa-se ter, inicialmente, a liberação do trânsito no Brasil, para depois ter uma ideia (de quando serão retomadas as atividades).
O senhor acredita na finalização de todas as competições da temporada?
Foi pensado dar 20 dias de férias agora aos atletas, ir até 23 de dezembro, parar 10 dias para as festas de fim de ano e até levar a definição dos campeonatos para mais um pouco de janeiro. Levando em conta que foi pensado dessa forma, essa é a condição para terminar tudo. Ou o preço, por conta da geração de receita e negócio, não acontecerá no mesmo padrão.
Há um novo encontro marcado do Conselho Nacional de Clubes para discutir a temporada?
Dia 7 de abril (amanhã), com participação dos clubes das Séries A e B e a CBF.
Por fim, a próxima janela de transferência será impactada?
Acho que a janela será adaptada pelo calendário. Quando ao efeito financeiro, o ambiente de negócio deste ano não será o mesmo de antes, com os mesmos interesses.