Fazia frio no Japão quando um jogo mudou o curso da história do Grêmio. Por duas vezes, a frieza de Renato Portaluppi, então um veloz e habilidoso ponta-direita colocou a equipe à frente do poderoso Hamburgo, que acabara de vencer a Liga dos Campeões da Europa contra a temida Juventus de Platini e Paolo Rossi.
Mas foi o segundo gol, já na prorrogação, depois do 1 a 1 nos 90 minutos, que deu o título de Campeão Mundial para o Tricolor, e que foi eleito o gol mais importante da história do clube em enquete feita por GaúchaZH durante esta semana.
— Ninguém apaga. Pode passar 50, 100 anos. É uma história maravilhosa — disse Renato ao Esporte Espetacular, da Rede Globo, em 2013, no aniversário de 30 anos da conquista.
No primeiro gol, aos 37 minutos da etapa inicial, a bola estava com o Hamburgo no princípio do lance. Wuttke tocou para Hartwig, que jogou a bola para a área do Grêmio. Hugo de León cortou e China passou, de cabeça, para Paulo Roberto, que despachou ao ataque. A bola caiu no peito de Paulo César Caju, que lançou Renato na direita.
À época com 20 anos, o atual treinador gremista recebeu a bola na linha do meio-campo. E arrancou, invadiu a área, deu dois cortes no zagueiro Hieronymus e chutou sem ângulo, entre o goleiro e a trave esquerda, para abrir o placar no Estádio Olímpico de Tóquio.
O banho de água fria (fria mesmo, já que a temperatura estava próxima de 0ºC naquele 11 de dezembro) veio aos 40 do segundo tempo, quando Schröder empatou para os alemães. Chegou, então, a prorrogação. E, com ela, a estrela de Renato brilhou mais uma vez.
Ninguém apaga. Pode passar 50, 100 anos. É uma história maravilhosa
RENATO PORTALUPPI
sobre o gol do título no Mundial
Imortalizado
A jogada do gol histórico começa com De León, no campo de defesa. O zagueiro abriu para Paulo César Magalhães, que tentou jogar a bola por cima para o ataque, mas a zaga adversária cortou. Na sobra, Wehmeyer dividiu com Caio, que ficou com a bola mas errou o passe.
Para sorte do Grêmio, PC Magalhães recuperou a posse e deixou para China, que devolveu para o lateral-esquerdo. Ele escorou para Bonamigo recuar para PC Magalhães, que deu mais um passe para De León. O uruguaio abriu para Caio na esquerda e assim o narrador Armindo Antônio Ranzolin contou aquele que foi o gol que decretou o título mais importante da história gremista:
— Recolheu, dominou cercado pelo Wehmeyer, levou para a perna direita, levantou para Tarciso, que deixou passar para Renato. Preparou, de perna esquerda, atirou, goooool do Grêmio!
E foi assim, aos três minutos da prorrogação, que o Grêmio mostrou que seria o campeão do mundo. A canhota de Renato realçou o gelo do jogador que seria imortalizado em uma das músicas mais populares cantadas pelos gremistas no estádio como "Homem-Gol". Vai ver que o frio daquela tarde no Japão fez bem para o Grêmio e para Portaluppi.