Fusca, Opala e Corcel estavam entre os principais modelos de automóveis que cruzavam a freeway nos primeiros tempos. Brasília e Chevette eram novidades no mercado. Em imagens coloridas da Agência Nacional, vinculada ao governo federal, voltamos 50 anos no tempo. A primeira autoestrada do Brasil ligou Porto Alegre a Osório.
Inaugurada em 26 de setembro de 1973, mobilizou três mil operários na construção. O governo federal projetou, inicialmente, a rodovia com duas faixas em cada sentido. A freeway foi a primeira estrada pedagiada no Rio Grande do Sul. A praça de Santo Antônio da Patrulha foi erguida junto com a rodovia. Mesmo pronta, a cobrança começou dois meses depois da inauguração.
As imagens do vídeo acima são da inauguração, em 1973, e de documentário sobre o Rio Grande do Sul em 1974, no primeiro ano após a conclusão da freeway.
Conheça a história da freeway
Um Corcel marrom, em Porto Alegre, e um Fusca preto, em Osório, foram os primeiros veículos que entraram na freeway depois da inauguração. Pontualmente, às 6h de 27 de setembro de 1973, a Polícia Rodoviária Federal liberou o trânsito na primeira autoestrada do Brasil. No final da tarde do dia anterior, o presidente Emílio Garrastazu Médici inaugurou a rodovia e, numa comitiva de aproximadamente 200 veículos, percorreu os 96,4 quilômetros entre Porto Alegre e Osório.
A cerimônia de inauguração foi rápida, em torno de 10 minutos, no início da rodovia em Porto Alegre. O ministro dos Transportes, Mário Andreazza, apresentou a freeway como a melhor estrada do Brasil.
A BR-290 deixou mais rápida a viagem entre a Região Metropolitana e o Litoral Norte, deslocando o trânsito da Estrada Velha (ERS-030). A nova rodovia permitiu a ligação da BR-101 com a Ponte do Guaíba, facilitando os deslocamentos rumo à Argentina e aos outros estados brasileiros.
Três mil funcionários na obra
A obra da freeway começou em 27 de agosto de 1970, com três frentes de trabalho. A chuva atrasou a construção, causando adiamentos do prazo de conclusão. O projeto original também sofreu alterações. A obra envolveu mais de três mil operários. No total, foram 55 obras, entre pontes, viadutos e trevos. Na fase da terraplenagem, movimentou 450 máquinas pesadas e 700 caminhões.
Originalmente, a estrada de duas pistas somava quatro faixas, duas em cada sentido, separadas por largos canteiros centrais. A freeway tem hoje trechos com três ou quatro faixas em cada sentido. O número de acessos também era menor. Em Porto Alegre, as entradas e saídas eram apenas pelas Avenida Castello Branco e Assis Brasil. As alças para acesso à BR-116, rumo a Canoas e ao aeroporto, são posteriores.
Limite de 120 km/h
A nova estrada exigiu muita atenção dos patrulheiros rodoviários. A velocidade máxima permitida era 120 km/h e a mínima, 60 km/h. Motoristas, acostumados com vias esburacadas e cheias de curvas, ganharam uma "pista de corrida", de ótimo asfalto e longas retas. Sem postos no trecho de 96,4 quilômetros, policiais alertavam que os veículos precisavam ter combustível para toda a viagem.
Acidentes com caminhões desde o primeiro dia
Nas primeiras horas após a liberação, o policiamento teve uma amostra do que seria rotina nas décadas seguintes. Caminhoneiros dormiram ao volante na monótona viagem. Na primeira noite, caminhão Mercedes Benz, de Torres, carregado de frutas e legumes, saiu da pista. Poucas horas depois, já na madrugada, caminhão FNM, de Florianópolis, também foi para o canteiro. Nenhum dos caminheiros teve ferimentos graves.
Outros problemas marcam a história da autoestrada desde 1973. No primeiro dia, patrulheiros já agiram contra pessoas que estavam em cima de viaduto e jogavam pedras sobre carros. Outros moradores do entorno cortaram as telas nas margens para atravessar a rodovia apesar da proibição e do risco.
Primeira estrada pedagiada do RS
A freeway foi a primeira rodovia pedagiada no Rio Grande do Sul. A cobrança começou em 20 de novembro de 1973. Os motoristas de automóveis pagavam Cr$ 5. Corrigindo pela inflação do IPC-Fipe acumulada em quase 50 anos, equivale a R$ 5,89. Em outra comparação, com o valor da tarifa era possível comprar cinco jornais em 1973.
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