Os primeiros automóveis iam da capital gaúcha ao Litoral Norte pelos precários caminhos usados pelas carroças. A estrada de Porto Alegre a Osório, construída em 1938, aumentou a segurança e deixou a viagem mais rápida, mas era insuficiente. Se quisesse chegar a Capão da Canoa ou Torres, até a década de 1940, o motorista precisa rodar na areia da praia, torcendo para não ter ressaca no mar.
Em 1943, o engenheiro Alfredo Waldeck publicou artigo com conclusões sobre o percurso de uma estrada para ligar Osório e Torres. O projeto já previa ramais para chegar às praias de Capão da Canoa e Torres. Naquele ano, o Departamento Estadual de Estradas de Rodagem (DAER) contratou a firma Dahne, Conceição & Cia para terraplenagem do primeiro trecho de 40 quilômetros. Com o alastramento da Segunda Guerra Mundial, os serviços foram suspensos após execução de apenas 12 quilômetros.
Em 1947, foram reiniciados os trabalhos, com o DAER administrando a conclusão dos 12 quilômetros. Os outros 88 quilômetros, entre Osório e o Rio Mampituba, foram repassados para execução de empreiteiras contratadas. Em 1948, o Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) incluiu esta estrada no Plano Rodoviário Nacional. Seria a BR-59, com plano de unir Porto Alegre, Florianópolis e Curitiba. A obra recebeu um impulso, passando por ajustes no projeto para se adequar às condições técnicas das estradas federais.
Um boletim publicado pelo DAER em 1949 resume bem a relevância da obra para os porto-alegrenses: "a almejada rodovia por onde poderá, com toda segurança e comodidade, sem as incertezas e perigos da passagem pela praia, atingir locais de veraneio situados entre Capão da Canoa e Torres". A estrada reduziu em 60 quilômetros a viagem de Porto Alegre a Florianopólis. O trajeto anterior era pela BR-2 (atual BR-116), na região serrana.
Como mostra o filme O Aspecto Rodoviário do Rio Grande do Sul, produzido pela Leopoldis-Som para o DAER, a rodovia do Litoral Norte já estava com vários trechos liberados para tráfego de veículos em 1953. Ela ainda não estava asfaltada. No Rio Três Forquilhas, sem a ponte, a travessia exigia o uso das barcas.
Em 1971, o presidente Emílio Garrastazu Médici esteve em Torres para inaugurar a pavimentação do trecho gaúcho da rodovia já renomeada como BR-101. Os trechos de Santa Catarina e Paraná estavam asfaltados também.
Colabore com sugestões sobre curiosidades históricas, imagens, livros e pesquisas pelo e-mail da coluna (leandro.staudt@rdgaucha.com.br)