O angus conseguiu um feito no mercado da carne: virou uma marca reconhecida pelo consumidor. A história da raça no Rio Grande do Sul remonta ao início do século 20. O primeiro registro genealógico foi feito em 1906, pelo criador Leonardo Colares Sobrinho, de Bagé. O touro Menelik chegou do Uruguai. Mesmo antes do primeiro registro, há informações sobre a presença da raça no Estado. A introdução do gado escocês na América do Sul foi em 1879, na Argentina.
No livro Agropecuária: Vocação rio-grandense de todos os tempos, o veterinário e escritor Alcy Cheuiche conta que a origem da raça é do nordeste da Escócia, dos condados de Aberdeen e Angus. Os bovinos da região já eram conhecidos antes do século 16 pela excelente qualidade de carne. Depois da anexação da Escócia ao Reino Unido, em 1707, o comércio do gado escocês cresceu. Em 1862, foi aberto o primeiro Herd-Book da raça, reconhecida anos depois como Aberdeen Angus.
Em 1937, já eram 306 animais angus cadastrados no Brasil. O número chegou a 1.362 em 1963, ano de fundação da Associação Brasileira de Angus. Um grupo de jovens criadores de Uruguaiana idealizou a entidade, que capitaneou a expansão da raça no país.
Cheuiche lembra que, até 1960, o frame (tamanho) do animal era pequeno, padrão da origem ancestral. O tamanho maior veio na década seguinte. O pelo também era diferente, mais comprido. Em trabalho de seleção genética, criadores conseguiram deixar o pelo mais baixo, o que é melhor para áreas mais quentes. A pelagem pode ser preta ou vermelha.
Durante a avaliação dos animais na Expointer, em Esteio, conversei com a presidente da Associação Brasileira de Angus, Mariana Franco Tellechea, para entender as qualidades da raça. Não são poucas. A primeira, reconhecida pelo consumidor, é a qualidade da carne, com bom teor de marmoreio, a gordura entre as fibras musculares. As vacas angus são boas mães, têm facilidade de parto e longevidade reprodutiva. Um mérito é a rusticidade, capacidade de se adaptar ao local de criação, ao frio e ao calor. Outro ponto importante: a precocidade, a idade para o abate, possível a partir de 18 a 24 meses.
Em 2003, surgiu o programa Carne Angus Certificada, parceria dos criadores com frigoríficos, varejo e restaurante. Com isso, fica clara a origem. O consumidor sabe qual é a carne. O angus virou marca, grife no setor. As criações estão concentradas no Sul e Sudeste, mas o objetivo da associação é avançar para outras regiões com a raça pura, além dos cruzamentos já feitos com zebuínos.