O cavalo crioulo é um símbolo do Rio Grande do Sul. Se já não bastava a convicção dos gaúchos, está até no papel, em lei aprovada pela Assembleia Legislativa. Com beleza, docilidade e rusticidade, traz no sangue as raças espanholas Andaluz e Jacas. O crioulo foi forjado ao longo dos séculos nesta vasta região de campos no Hemisfério Sul. O homem ajudou, fazendo a seleção genética, e o Freio de Ouro tem papel fundamental na evolução da raça.
Em 1978, criadores de Jaguarão realizaram a primeira exposição funcional com cavalos crioulos registrados, abrindo oportunidade para aperfeiçoar a raça. A experiência de quatro anos seria aproveitada no Freio de Ouro, criado para comemoração dos 50 anos da Associação Brasileira dos Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC). Depois das classificatórias em Bagé, Jaguarão e Pelotas, 12 animais e seus ginetes chegaram à Expointer de 1982, em Esteio. Machos e fêmeas disputavam juntos.
Na pista dos ovinos, sem grande divulgação, ocorreram as provas funcionais. O criador Tunico Fagundes, finalista com uma égua, recorda da surpresa de todos com a participação do público, que aglomerou-se para assistir. Em um momento, leilões precisaram ser interrompidos no Parque de Exposições Assis Brasil, tamanha era a curiosidade com aquela apresentação de cavalos. Tunico, que resgatou as origens do evento no livro Freio de Ouro - Livro 1 , conta que foi tudo muito improvisado, nem gado era permitido na prova.
O primeiro campeão foi o cavalo Itaí Tupambaé, domado por Vilson Chalart de Souza, conhecido como o "ginete do século". O criador Oswaldo Pons, proprietário da Cabanha Tupambaé, de Dom Pedrito, recorda que o seu animal não era o favorito, mas entrou para a história.
O nome Freio de Ouro foi escolhido devido ao Jubileu de Ouro da ABCCC. Inicialmente, o planejamento previa uma única edição. Como a repercussão surpreendeu positivamente, a prova foi repetida no ano seguinte, incluindo classificatória também em Uruguaiana. Em 40 anos, o Freio de Ouro foi aprimorado e abriu mercado para o cavalo crioulo dentro e fora do Brasil. O vencedor é o animal com maior pontuação, considerando notas das provas funcionais e da morfologia.
Na ampla arena construída em Esteio, o público apreciará novamente, neste final de semana, as evoluções de cavalos e ginetes, um retrato da origem do gaúcho.
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