A Volkswagen foi muito feliz quando escolheu o nome do carro criado para substituir o Fusca. Realmente, um golaço. No país apaixonado por futebol, o Gol foi campeão de vendas por 27 anos. Quando chegou ao mercado, o Brasil já era tricampeão do mundo. A montadora sempre associou o carro ao futebol nas propagandas, além de criar séries especiais nas Copas. A Volkswagen confirmou o fim da produção do icônico carro. A despedida terá mil Gols em uma edição especial.
Em 42 anos, o Gol acompanhou as transformações do mercado automobilístico brasileiro, com entrada de muitas marcas e modelos. Até a década de 1990, eu ainda conseguia listar os nomes de todos os carros nacionais. Não conheço nem a metade hoje. Lá em casa, tivemos dois Gols, um "Quadrado" e outro "Bolinha".
Em maio de 1980, com atraso causado por uma greve de metalúrgicos, a Volkswagen lançou o Gol. Ele chegou em duas versões, o normal e o luxo. Os preços ficaram acima do projetado pela montadora. Com isso, pela faixa de valor, inicialmente competiu mais com a Brasília do que com o Fusca. A produção de Brasílias, inclusive, foi reduzida pela metade naquele ano.
Pelas publicações dos jornais na época do lançamento, o Gol na versão normal era vendido por aproximadamente Cr$ 220 mil, equivalente a 53 salários mínimos. Corrigindo o preço pela inflação, usando o IPCA, corresponderia a R$ 54 mil em 2022. Em uma loja de Porto Alegre, o carro anunciado custava Cr$ 290 mil, com entrada de Cr$ 70 mil e parcelamento do restante em 12 vezes.
Na fábrica de Taubaté, em São Paulo, eram produzidos inicialmente 100 carros por dia. Em poucos meses, seriam 600 diários. O novo carro apresentava opções de 14 cores. O desempenho da primeira versão, com motor 1.3, o mesmo do Fusca, não empolgou. Em 1981, os engenheiros já colocaram no mercado os carros com motor 1.6.
O automóvel teve muitas versões. Como esquecer do GTI, por exemplo. Em 1994, as linhas quadradas foram substituídas pelas curvas da segunda geração, surgindo o apelido de Gol Bolinha. Outras gerações vieram na sequência.
O Gol foi líder de vendas no Brasil entre 1987 e 2014, alcançando oito milhões de unidades produzidas. Mesmo sem a fabricação a partir de 2023, seguirá por muito tempo nas ruas do Brasil. Veículos da primeira geração já podem até usar a placa preta e estão bem cuidados por colecionadores e apaixonados.
Colabore com sugestões sobre curiosidades históricas, imagens, livros e pesquisas pelo e-mail da coluna (leandro.staudt@rdgaucha.com.br)
