O primeiro carro fabricado no Brasil completou 65 anos. A caminhonete DKW Universal, mais tarde rebatizada de Vemaguet, surgiu no bairro do Ipiranga, em São Paulo. Em 19 de novembro de 1956, o presidente Juscelino Kubitschek participou do lançamento do carro produzido pela Vemag S/A - Veículos e Máquinas Agrícolas, que firmou parceria de dez anos com a Auto Union, da Alemanha. A empresa brasileira, fundada onze anos antes, já montava veículos importados de outras marcas, como Studebaker, Scania Vabis e Massey-Harris Ferguson.
O governo brasileiro estimulava a construção completa de veículos no país, com uso maior de peças nacionais. A meta para o final daquele ano era de 40% do peso com materiais produzidos no Brasil. A Vemag começou com a produção de até 100 automóveis por mês, sendo 42% do peso com peças nacionais. Nas propagandas, a indústria garantia que o DKW brasileiro era rigorosamente igual ao europeu. O carro foi lançado com capacidade para cinco pessoas, consumo de oito litros de combustível para cada 100 quilômetros, motor DKW dois tempos, três cilindros, tração nas rodas dianteiras e carroceria inteiramente de aço.
A caminhonete DKW-Vemag Universal é mesmo o primeiro carro do Brasil? Os fãs da Romi-Isetta dirão que não. A resposta gera polêmica. O jornalista Irineu Guarnier Filho, parceiro do fotógrafo Eduardo Scaravaglione no livro e perfis de redes sociais Ferrugem no Sangue, explica que a Romi-Isetta foi fabricada a partir de junho de 1956 pela empresa paulista Romi, sob licença da italiana Iso. O veículo tinha apenas uma porta frontal, um eixo traseiro bem mais estreito - que o tornava praticamente um triciclo - e levava apenas dois ocupantes, sem bagagem. Para o Grupo Executivo da Indústria Automobilística, órgão criado pelo governo de Juscelino Kubitschek, a Romi-Isetta se parecia mais com uma motocicleta do que com um automóvel, lembra Guarnier. Por isso a primazia coube ao DKW Universal.
A Vemag foi adquirida no final de 1966 pela Volkswagen do Brasil, que acabou com a produção de DKW.
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