O ex-ministro da Saúde e médico oncologista, Nelson Teich, foi o convidado do programa Timeline, da Rádio Gaúcha, nesta quarta-feira (22). Ele avaliou o enfrentamento à pandemia de coronavírus no Brasil e disse acreditar que faltam estudos sobre se as estratégias adotadas até aqui funcionam e por que produzem (ou não) resultados - como por exemplo o distanciamento social e o lockdown. Ontem, à Rádio Gaúcha, o reitor da Universidade Federal de Pelotas, Pedro Hallal, defendeu a adoção de um "rigoroso" lockdown pelas próximas semanas no Rio Grande do Sul.
- A gente sabe muito pouco sobre o que a gente está fazendo (isolamento, lockdown, restrições, testagem). E a gente não tem estratégia para saber quais são os resultados daquilo que a gente faz - argumentou.
Teich foi convidado a assumir o Ministério da Saúde após a saída do deputado federal Luiz Henrique Mandetta, que apresentou divergências em relação ao presidente Jair Bolsonaro quanto às medidas para enfrentar a pandemia de covid-19. Mandetta, por exemplo, insiste na importância do isolamento social. O presidente, por sua vez, continuou participando de agendas que por reiteradas vezes resultavam em aglomeração.
Para Teich, seria necessário um aprofundamento científico sobre quais os efeitos das medidas de restrição à circulação de pessoas. Ele afirma que o distanciamento social está sendo percebido de "forma leiga", não de "forma científica".
- O nosso grande problema é falta de informação detalhada - pontuou.
O ex-ministro também foi questionado a respeito da condução por parte do presidente da República, Jair Bolsonaro, e se as atitudes do chefe do Executivo "ajudam" ou "atrapalham" para construção da estratégia indicada por ele. Ao que respondeu:
- Eu acho que o presidente tem uma uma forma de governar que é muito peculiar e muito clara. Na verdade, ele centraliza nele as decisões e as escolhas. E aí, você tem a forma dele de governar e isso aí teria que ter um trabalho mais forte do ministério em relação a... (a pergunta é feita novamente) Isso não atrapalha. Ele, e não só ele, mas todos os líderes vão ser julgados lá na frente, quando a gente olhar e ver o que aconteceu. O que eu posso dizer é que eu sairia de uma forma diferente. Eu teria uma outra visão, tentaria focar em coisas que me ajudassem a entender isso rápido - disse.