Só existem duas coisas que funcionaram no mundo para frear o novo coronavírus: testagem em massa e lockdown.
A frase não é minha, mas do reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pedro Hallal. Fizemos uma conversa franca com ele nesta quarta-feira (21), momento em que o Rio Grande do Sul vive sua pior fase, até aqui, em relação à pandemia da covid-19.
Usemos como exemplo a UTI do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), uma das principais referências para atendimento a casos de coronavírus no Estado. Conforme mostrou GaúchaZH, a instituição precisou tomar medidas ainda mais duras nos últimos dias, já que a demanda por leitos da unidade de terapia intensiva aumenta a cada instante. Com 90 dos 93 leitos em uso, a instituição superou 95% de ocupação e chegou ao nível 4 de contingência.
O cenário é preocupante. E não parece dar sinais de melhora iminente.
Por isso, e a partir dessa perspectivas, Hallal apontou dois caminhos:
- Só tem duas coisas que funcionaram no mundo para frear o coronavírus. Uma é a política de testagem massiva. E a outra foi lockdown quando a doença está desenfreada - resumiu.
Não precisa ser gênio ou ter conhecimento aprofundado para saber em qual estágio estamos nós, aqui no Rio Grande do Sul. Daí a fala do reitor da UFPel no sentido de apontar a necessidade de lockdown, um cenário triste e assustador para aqueles que assistem - sem ter para onde correr - seus sonhos, empregos e renda minguarem após quatro meses de restrições no Rio Grande do Sul. É impossível ficar insensível a isso.
O reitor compreende. E inclusive apontou falhas quanto à aplicação de uma testagem em massa, em todos os níveis (estadual, municipal e federal). Esta opção talvez fosse aquela capaz de evitar o chamado lockdown, já que permitiria às autoridades identificar por onde afinal o vírus circulara no começo de tudo.
- A testagem não é para contar quantos casos tem. É para identificar precocemente os casos, ir atrás da rede de contatos e evitar que eles transmitam a doença para outras pessoas - assegurou Hallal à coluna.
E se as medidas mais restritivas não ocorrerem? O reitor aponta um cenário onde o vírus deverá circular com força e chegaremos ao colapso da estrutura hospitalar e de saúde nos próximos dias, provavelmente na virada de julho para agosto. É o que também previu o gerente de crise do Hospital de Clínicas, médico Ricardo Kuchenbecker, em entrevista nesta terça-feira (21) ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha.
A dor de ver sonhos e empreendimentos se esvaindo é grande, mas ainda assim as medidas de isolamento seguem no horizonte dos gaúchos para as próximas semanas. E, ao que tudo indica, ainda mais rigorosas.