Veio do vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, a fala mansa e assertiva sobre a crise instaurada no quarto andar do Palácio do Planalto, a partir das declarações de Carlos Bolsonaro, filho do presidente, que chamou o ministro da Secretaria-Geral, Gustavo Bebianno, de mentiroso. À coluna, e em conversa com o programa Gaúcha Mais, Mourão reconheceu o cenário de tensão que ronda o gabinete presidencial, mas fez questão de dizer não se trata de uma crise que vá "transtornar a vida do país".
— É algo que pode ser solucionado com uma conversa, com uma explicação — minimizou.
Mourão não foi o único bombeiro a atuar para acalmar os ânimos no governo Bolsonaro, nesta quinta-feira (14). O repórter Fábio Schaffner informou, em GaúchaZH, que o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, também foi acionado. Veio do próprio Bebianno, personagem central da crise, a busca de apoio de Onyx para se manter no cargo. O titular da Casa Civil tentou amenizar a crise e saiu em defesa do colega.
Dentro da estratégia de 'acalmar os ânimos', Mourão também ressaltou o perfil pessoal de Bolsonaro como determinante para uma resolução rápida do conflito. Em que pese a avaliação do vice-presidente, foi o próprio Bolsonaro quem endossou as declarações do filho, em rede social, de chamar um ministro de sua confiança de mentiroso.
— O presidente é uma pessoa muito clara, tem um comportamento muito direto nas coisas e o que ele me deixou a entender é que isso é um problema que ele irá resolver — disse.
A bolsa de apostas sobre a queda do ministro continuava em alta em Brasília nesta quinta-feira. Reuniões a portas fechadas decidiriam o futuro de Bebianno, que demonstrou à jornalista Andreia Sadi, da GloboNews, disposição em permanecer no cargo.
Resta saber se o presidente e seus interlocutores terão habilidade política suficiente para contornar o laranjal da discórdia, antes que temas cruciais para o governo, como a Reforma da Previdência, possam sair respingados da confusão.
Mourão aposta que não haverá respingos:
— Em absoluto, até porque eu acho que essa tensão é muito pequena, é mais localizada em relação ao ministro Bebianno — rechaçou.