Não é de hoje que integrantes do PSL temem o tamanho da influência dos filhos de Jair Bolsonaro no governo recém formado. A coluna conversou com deputados da legenda e aliados do governo para sentir os efeitos da mais nova crise instaurada no Palácio do Planalto.
De aliados, ouviu que a permanência de Gustavo Bebianno, ministro da Secretaria Geral da Presidência, seria insustentável sob o risco de contaminar o Executivo com uma crise que poderia ter ficado restrita ao partido do presidente.
— Acho que o ministro deveria sair para não atrapalhar o presidente. Ele está levando problema do partido para dentro do Palácio — defendeu um aliado.
O ministro, no entanto, indicou disposição para se manter no cargo. Em entrevista à jornalista Andreia Sadi, da GloboNews, ele disse que não pretende pedir demissão e informou que aguarda decisão do presidente da República. A Folha de S.Paulo chegou a noticiar que Bolsonaro esperava desembarcar em Brasília, após receber alta do Hospital Albert Einstein, com Bebianno já fora do governo.
Até o início da manhã, a bolsa de apostas sobre a queda do ministro continuava em alta em Brasília. Até porque o próprio presidente, em entrevista ao Jornal da Record, reforçou a pecha de mentiroso sobre seu subordinado. "MENTIRA", disse ao se referir sobre a fala de Bebianno de que os dois haviam conversado. Mais cedo, Carlos Bolsonaro, considerado uma espécie de pitbull do pai nas redes sociais, já havia divulgado um áudio do presidente e também tratando Bebianno como mentiroso.
A nova crise instaurada tem origem em investigação aberta pela PF para apurar se o PSL, de fato, utilizou laranjas como candidatos para receber recursos na eleição. A apuração é para verificar se o partido do presidente criou uma candidata laranja em Pernambuco que recebeu R$ 400 mil de dinheiro público no pleito de 2018.
Na quarta-feira, Bolsonaro afirmou à Record que deu carta branca ao ministro Sergio Moro e à Polícia Federal para o prosseguimento das investigações. E não poderia ser diferente, aliás. Resta saber se terá habilidade política para contornar o laranjal da discórdia que hoje ocupa o quarto andar do Palácio do Planalto.