Depois de destilar machismo nas redes sociais, o empresário Tallis Gomes teve o que mereceu: manifestações de repúdio públicas, perda de contratos e cancelamento de ao menos uma palestra que faria no Instituto Caldeira, aqui mesmo, em Porto Alegre. Eu não esperava menos da instituição que virou sinônimo de inovação no Rio Grande do Sul e no Brasil.
Para quem não acompanhou o caso, o empresário e influenciador (de quem?) lamentou, nas redes sociais, a existência de mulheres em cargos de CEO (chief executive officer).
Em bom português, ele estava se referindo às mulheres à frente de empresas. "Deus me livre de mulher CEO", escreveu o criador da Easy Taxi, afirmando que homens nem sequer deveriam ter relacionamentos com aquelas que ocupam tais funções. Elas seriam "masculinizadas" e deixariam o lar em "quarto plano".
Quanta bobagem. Quanta ignorância. Quanto preconceito.
Só que ele não contava com uma coisa: as mulheres têm força, poder e já não se calam mais como outrora.
Depois do post inacreditável, executivas, jornalistas, influenciadoras, profissionais liberais, mulheres de diferentes áreas, enfim, reagiram.
Para citar só um exemplo, Luiza Trajano, presidente do Conselho de Administração da Magazine Luiza, uma das maiores redes de lojas do país, respondeu na medida, lembrando que criou três filhos "trabalhando muito" e que tem orgulho de seu legado.
Luiza pediu que as mulheres não se deixem afetar por posicionamentos anacrônicos e concluiu afirmando que "nós podemos ser aquilo que queremos e que optamos ser". Acrescento: cada uma do seu jeito, à sua maneira. O empresário pediu desculpas, mas o estrago foi feito. Para ele.