Destinos turísticos tradicionais no Rio Grande do Sul, Gramado e Canela, na Serra, seguem firmes na retomada após o baque da catástrofe climática, com uma diferença perceptível aos ouvidos: desde que o Aeroporto Salgado Filho fechou, em Porto Alegre, os visitantes voltaram a falar mais “tu” do que “você”.
Estive por lá a passeio, no último final de semana, e posso atestar: é o sotaque gaúcho (e não mais o paulista, carioca, mineiro ou nordestino) que predomina nas ruas das duas cidades neste inverno de 2024.
Os turistas vindos de fora continuam chegando, apesar das dificuldades, mas o perfil médio parece ter se moldado às circunstâncias do momento. Tive a sensação de que muita gente daqui está, de certa forma, redescobrindo a região e outras atrações do Estado, antes preteridas.
Afinal, nós também fomos impactados pela situação (inaceitável, diga-se de passagem) do Salgado Filho. Está mais difícil viajar para fora.
Há, ainda, outros dois pontos a levar em conta: o genuíno desejo de apoiar negócios locais para que se recuperem do tombo e, é claro, o interesse em preços — em tese — mais convidativos, decorrentes da queda na demanda.
Escrevo “em tese”, porque, mesmo com promoções e ofertas em hotéis, parques, passeios, lojas e restaurantes, “turistar” em Gramado e Canela continua sendo um programa relativamente caro.
Ainda assim, é uma ótima pedida para alguns dias de folga. O que vi por lá foram ruas cheias e animadas outra vez e muita gente consumindo, principalmente famílias. O movimento pode até não se igualar ao da última temporada e despencar no meio da semana, mas já é um alento. E é bom ver os gaúchos de volta.