A parreira septuagenária de uva niágara branca — que dá um ar mediterrâneo ao restaurante Aora Cucina, no 4º Distrito de Porto Alegre — por pouco não sucumbiu à enchente. Foram 28 dias debaixo d’água, mas a planta resistiu. E não foi só ela.
Três meses após a catástrofe climática, o Aora voltou a iluminar a Avenida Pátria, no bairro São Geraldo, onde, há dois anos, foi abraçado por uma clientela fiel e amiga. Com boa comida, ambiente acolhedor e pessoas que fazem a diferença, o lugar cativou a vizinhança.
Na antiga residência reformada, o salão principal está mais uma vez decorado com tapetes persas do piso ao teto. São sobreviventes da cheia do Guaíba, depois de um longo processo de higienização e recuperação.
Nos fundos, o pé de limão siciliano e as mesas redondas são novidade — e um convite ao dolce far niente.
Na área externa, os móveis retomaram os antigos lugares sob a vinha que já dá frutos outra vez, com os pelegos nas cadeiras e cada detalhe no lugar.
Tudo ali é material de restauro e de reuso, com peças escolhidas a dedo e algumas raridades. Tudo tem o olhar atento de Claudio Mesquita e Alicia Renee Weiss, o casal de proprietários que recebe quem chega com um sorriso (e um belo menu).
— Não foi fácil, mas estamos muito felizes por voltar. E voltamos melhores — resume Alicia.
Não fosse a placa indicando onde a água chegou, nada me faria acreditar que, naquele lugar, o caos um dia reinou. Estive lá. Passou. Ufa! Hora de recomeçar.