Servidores estaduais que atuam no antigo Instituto Penal Padre Pio Buck, em Porto Alegre, onde hoje ocorre o monitoramento de tornozeleiras eletrônicas em presos, andam desolados. É que, devido a uma instrução normativa da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), eles receberam ordens para "despejar" uma vira-lata que vive no local.
A norma, que, em 2023, instituiu o Grupo de Operações com Cães da Susepe, que faz um trabalho importantíssimo, traz a seguinte determinação em seu artigo 24:
"As direções dos estabelecimentos prisionais (...) devem adotar medidas que visem à não permanência e acumulação de cães e gatos em situação de rua nas dependências internas ou externas dos estabelecimentos, tendo em vista tratar-se de potenciais portadores de zoonoses, ou até mesmo de vermes, parasitas e doenças caninas que possam ser transmitidos ao plantel de cães de trabalho."
Como no Pio Buck não há canil do Grupo de Operações, os servidores vinham deixando que a mascote Tchuca (que frequenta a área há 12 anos) permanecesse ali.
Há cerca de uma semana, contudo, a nova direção emitiu uma ordem determinando o cumprimento da instrução à risca, o que desencadeou a comoção.
— A Tchuca sempre foi muito bem cuidada pelos servidores. E ela está sempre lá. Quando um colega decidiu impedir a entrada, ela chorou. Foi muito triste — lamenta uma servidora, que prefere não ser identificada.