Califa foi um pastor belga malinois que viveu 15 anos, sete deles prestando serviços ao Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc). Junto de seu parceiro e tutor, o comissário André Travassos, ele participou de mais de 500 operações policiais antidrogas, oferecendo o que tinha de melhor: o faro treinado.
Califa morreu no último domingo (4), encerrando uma era. Ele e a labradora Dana, que partiu em 2023, foram os precursores do Núcleo de Operações com Cães do Denarc, ajudando os agentes a combater o tráfico de drogas no Estado.
— Nunca esqueço: uma vez, chegou até nós um carro suspeito, que já tinha sido revirado do avesso, sem sucesso. O Califa farejou e deu o sinal. Estava todo mundo em dúvida, mas eu confiava nele. Mandei cortar o veículo ao meio. Imagina a responsabilidade. Descobrimos sete quilos de cocaína soldados na lataria, de forma hermética — recorda Travassos, orgulhoso.
O comissário treinou o companheiro canino desde filhote, foi a “sua dupla” durante toda a vida funcional do cão e, na hora da aposentadoria de Califa, em 2017, levou o mascote para casa. Mesmo velhinho, sempre que via a viatura, o farejador ficava em posição para entrar no carro.
— Uma vez, já com problemas de locomoção, ele parou na porta e não queria sair. Me emociono só de lembrar. Vai fazer falta. É um pedaço da minha vida que se vai — diz o agente.
Hoje, o canil do Denarc conta com seis cães, que seguem honrando a história de Dana e Califa e servindo a sociedade gaúcha.