Eles não têm asas, mas são "anjos da guarda". Hoje, o Rio Grande do Sul conta com o trabalho de 288 cachorros adestrados na rotina de vigilância dos presídios gaúchos. Eles são fundamentais para evitar fugas e garantir a segurança dos agentes penitenciários.
Conversei com o responsável técnico pelo Grupo de Operações com Cães (GOC) da Polícia Penal, Anderson Cardoso, que também coordena o Canil da 9ª Delegacia Penitenciária Regional (que abrange o complexo prisional de Charqueadas, além de São Jerônimo e Arroio dos Ratos). Fiquei impressionada com o que ouvi.
Primeiro, porque, ao contrário dos animais que acompanham os bombeiros militares em suas ações de busca e resgate, os cães do sistema penal quase não são vistos. Muita gente nem sequer sabe da atuação deles.
— É um trabalho que o público em geral desconhece, porque é difícil chegar perto de uma penitenciária. E é importantíssimo — ressalta Cardoso, que é policial penal e parceiro do pastor alemão Logan.
Os mascotes atuam em diferentes frentes. A mais comum é a vigilância externa dos presídios - eles são ótimos para ouvir e perceber qualquer movimento suspeito e, muitas vezes, contribuem para evitar escapadas.
Os bichos também são fundamentais nas ações de busca e apreensão dentro das cadeias, por duas razões: garantem a segurança dos tutores, inibindo a subversão da ordem, e são especialistas em detectar materiais ilícitos (como drogas).
— Foram 48 operações do tipo em 2023, envolvendo, em média, de 150 a 200 presos, sem nenhum incidente grave. Os cães nos dão muita segurança — destaca Cardoso.
Outra função canina é a busca e captura - aquilo que a gente vê nos filmes. Quando um apenado foge, cães e policiais saem atrás dele. Os cachorros são treinados para localizar o fugitivo e, se preciso for, imobilizá-lo.
O mais interessante de tudo é que, nas horas de folga, eles são mascotes como quaisquer outros. Os agentes levam os cães para casa. Nas férias, as duplas também saem juntas.
— Eles são o que chamamos de binômios. São nossos parceiros. Se tiramos uns dias de descanso, levamos eles junto para a praia ou para onde for. E cuidamos muito bem da saúde deles. São anjos da guarda — resume Cardoso.
O Estado conta com quatro canis regionais do sistema penal: nas regiões de Santa Maria, da Serra, de Charqueadas e do Vale do Rio Pardo. Está em andamento um trabalho para ampliar os espaços e também os canis setoriais, que funcionam junto a casas prisionais.