O jornalista Carlos Redel colabora com a colunista Juliana Bublitz, titular deste espaço.
O 1º Salão de Outono ocorreu de 25 de maio a 25 de julho de 1925, sendo o primeiro grande evento de artes visuais da Capital, realizado no Salão Nobre da Intendência de Porto Alegre. E, para marcar o centenário deste ponto tão importante na cultura da cidade, uma campanha busca financiamento coletivo para a realização de uma exposição documental e, também de obras artísticas.
O objetivo é arrecadar R$ 25 mil até este sábado (10). Com este valor, os organizadores buscam pagar os custos básicos de realização da mostra, como seguro de obras, transporte, mobiliário, sinalização gráfica, adesivos, entre outros, bem como as recompensas aos apoiadores — que vão desde visitas guiadas até um kit de brindes e nome no folder. Para apoiar, é possível fazer uma contribuição na plataforma Benfeitoria. Até o momento, falta pouco mais de R$ 5 mil para atingir a meta.
Com curadoria de Lizângela Guerra e Paula Ramos, a exposição acontecerá no Museu de Arte de Porto Alegre, no Paço Municipal (Praça Montevideo, 10 - Centro Histórico), de junho a julho de 2025, mesmo período do evento matriz, ocorrido há cem anos. Serão exibidas cerca de 30 obras ou documentações em torno do evento, além de uma diversidade de fontes históricas, incluindo fotografias, o catálogo original e uma série de publicações em jornais e revistas.
— Em 1925, não existiam museus de arte em Porto Alegre. As obras eram exibidas geralmente em vitrines de lojas da Rua da Praia. O evento, então, vai sendo organizado publicamente nos jornais, movido pelos próprios artistas. E o nome Salão de Outono é uma alusão ao Salão de Outono francês, que foi um evento que desafiou as expectativas dos salões oficiais da França, em 1903. Muito democrático, o evento admitiu diversas linguagens e artistas, profissionais e amadores — resume Lizângela.
O 1º Salão de Outono foi uma exposição coletiva organizada por artistas e intelectuais, um século atrás. Naquele momento, foram exibidas mais de 300 obras de 68 artistas locais ou residentes em Porto Alegre, sendo muito bem-visto pela imprensa e pelos próprios artistas, que até então pouco se conheciam, dada a inexistência de espaços institucionais para a circulação e a exibição de obras.
Na ocasião, estiveram presentes obras de artistas consagrados, como Alfred Adloff e Pedro Weingärtner, mas o evento se notabilizou por divulgar nomes que se afirmavam, como Oscar Boeira, Affonso Silva e Francis Pelichek. Além disso, contribuiu para a divulgação dos novos, como João Fahrion, Sotero Cosme, Judith Fortes e Antonio Caringi.
— O Salão deu início às tendências modernistas em Porto Alegre. Caringi, que é o escultor que fez o Laçador, tinha recém completado 20 anos quando participou do Salão e foi uma grande revelação — completa Lizângela.