Última oportunidade para avaliar os candidatos à Presidência da República antes da votação de domingo (2), o debate da TV Globo, que varou a madrugada desta sexta-feira (30), foi um misto de "vergonha alheia" e "show de horrores". Duvido que tenha alterado o resultado e as convicções de cada um. Serviu, isso sim, como um reflexo de um país doente e irreconhecível.
Como concluiu o doutor em Ciência Política e professor do Insper Leandro Consentino, o programa mediado por William Bonner - que mais parecia um professor de escola exigindo ordem em sala de aula - teve uma função pedagógica: a de nos obrigar a olhar no espelho. Grosseria, intolerância, falta de educação, desinformação, "lacração", baixaria, tudo esteve ali, estampado na nossa cara, em rede nacional, por três longas e penosas horas. Esse é o Brasil de 2022.
Com raras e honrosas exceções, houve momentos de civilidade, mas, de um modo geral, o confronto que deveria ser de ideias virou um bate-boca inacreditável, em nada condizente com o que se espera de pessoas que buscam a Presidência da República.
Desculpe-me quem pensa diferente, mas o cargo exige postura compatível a de chefe de uma nação, algo, aliás, que não se vê desde o dia primeiro de janeiro de 2019.
Ao final, o debate serviu, também, ao vil propósito de gerar "memes" na internet e cortes de trechos fora de contexto para os grupos de WhatsApp e Telegram, alimentando a loucura nacional. E tem gente que vibra com isso. Triste.