O cheiro do couro das mateiras, do fumo em corda, das gamelas de madeira e das folhas verdes trituradas é inconfundível, tanto quanto o sonoro “bom dia” de quem faz da Casa da Erva-Mate uma das mais queridas do Mercado Público de Porto Alegre. Em 2022, o empreendimento tocado pelos primos Adão Anflor Pacheco, 56 anos, e Gilmar Antonio Giovanaz, 63 anos, completa seis décadas aos cuidados da família.
Sob o número 33, o espaço tem uma legião de fãs, inclusive gente famosa. Por ali já passaram Thiago Lacerda (leia mais abaixo), Hebe Camargo, Luciano Huck e uma profusão de craques do mundo da bola - entre eles Felipão, Clemer, Nilmar e o árbitro Carlos Simon.
— O pessoal gosta, porque atendemos todo mundo bem, como nos ensinou o nosso tio — diz Adão.
Aposentado, Reni João Groff, 82 anos, foi o precursor do negócio. Chegou à “cidade grande” em 1958, vindo de Santa Cruz do Sul, começou a trabalhar no Mercado como funcionário e logo se tornou sócio da Banca 33, que passou a se especializar em insumos para o chimarrão.
— O tio foi um pioneiro. À época, ele comprou um caminhão para buscar erva no interior. Antes, não havia tanta variedade disponível. Foi uma inovação — recorda Gilmar.
Hoje, são 15 opções a granel (entre defumada, pura folha, fina, com menta, laranja e gengibre, carqueja e erva doce e camomila e cidreira) e 28 marcas em pacotes (sem contar as variações). Por mês, apesar do baque provocado pela pandemia, o local chega a vender duas toneladas do produto, com as mais diferentes misturas.
— Aqui, quem manda é o freguês. Sempre — ensina Gilmar.
Média de vendas ao mês
- 2 toneladas de erva a granel
- 100 quilos de erva em pacotes
- 200 cuias
- 300 bombas
- 50 facas
Destinos
A Banca 33 também envia remessas de erva para fora do país, especialmente para os Estados Unidos e Canadá. Também abastece clientes em outros Estados, como Rio de Janeiro e São Paulo.
Mistura Thiago Lacerda
Em 2003, durante as gravações de A Casa das Sete Mulheres para a TV Globo, o ator Thiago Lacerda conheceu a Banca 33 na companhia de um amigo. Desde então, tornou-se cliente fiel.
— Na época, ele escolheu uma mateira de couro e perguntou se eu poderia gravar nela (com pirografia) um poema do Glaucus Saraiva. Ele gostou do resultado e passou a comprar sempre com a gente, até um pala já encomendou. Quando termina a erva dele lá no Rio de Janeiro, eu mando mais pelo correio — conta Adão Pacheco, orgulhoso, que tem uma foto com o artista.
A mistura (50% pura folha e 50% erva fina) ganhou o nome do ator e se tornou um sucesso de vendas.