O interesse de Marcelo Schambeck pela cozinha vem do aroma dos temperos cultivados no quintal da família, em Porto Alegre. Quando menino, Schambeck também gostava de acompanhar os pais na feira, encantado pela variedade de cores e sabores locais. Anos depois, o guri criado na zona sul da Capital se tornaria um dos chefs de destaque da chamada gastronomia consciente no RS e, mais do que isso: um adepto do “sulismo” na forma de conceber e preparar pratos de alto padrão.
Discípulo de nomes como Flávia Quaresma, Helena Rizzo e Neka Menna Barreto, Schambeck abriu seu primeiro negócio, o Del Barbiere, em 2007, inspirado no projeto de conclusão do curso de Gastronomia da Unisinos. O empreendimento nasceu junto à barbearia do pai, no Centro. Aos poucos, tornou-se um bistrô disputado, com menu à base de produtos frescos (da feira, é claro!) e insumos artesanais e orgânicos.
Não deu outra: em 2017, Schambeck foi eleito chef do ano em Porto Alegre, pela Revista Veja, e criou coragem, em 2018, para dar um novo passo. Fechou o Barbiere e, ao lado dos sócios Fred Müller e Flavia Mu (sua parceira de vida, com quem tem dois filhos), abriu um novo espaço - o Capincho. Esse é o termo usado na fronteira entre Brasil, Argentina e Uruguai para designar a capivara, típica da América do Sul.
— Simboliza uma ligação entre os três países, e é exatamente isso o que busco. Não são pratos só do RS, mas do Sul. O sulismo é o mote, na comida e também nos vinhos e drinks — explica Schambeck, 34 anos, que também comanda o Lambari, no Food Hall Dado Bier.
O Capincho surgiu com “cara de bar”, no 4º Distrito, e, na pandemia, se transformou em restaurante. A metamorfose levou a uma nova mudança: desde o início de março, a casa está no coração do bairro Moinhos de Vento (junto à Praça Maurício Cardoso), um dos mais tradicionais e valorizados pontos da Capital.
ANOTA AÍ
As estrelas do cardápio do Capincho são de “lamber os beiços”, para usar um termo bem regional, em homenagem ao chef Schambeck. Um dos pratos mais pedidos é a Costela 16 horas, que chega desmanchando à mesa, com guarnição de moranga cabotiá e um toque de gengibre. No menu de drinks, a cargo de Fred Müller, os xodós da casa são o Butiazinho (caipirinha de butiá com cachaça e frutos regionais) e o Negroni de melancia, aqui do RS.