Depois de anos de impasses, dúvidas e incertezas, a construção da Arena do Grêmio está ganhando um novo capítulo. Investidores estão comprando, por um valor muito menor, parte da dívida de R$ 226,39 milhões que a OAS tem com bancos financiadores pela construção de parte do estádio.
O Santander e o Banco do Brasil decidiram aceitar a proposta da SDG II Fundo de Investimento em Direitos Creditórios Não Padronizados. Dessa forma, o fundo de investimentos agora é credor de R$ 150,9 milhões da dívida, junto com o Banrisul, que tem a receber aproximadamente R$ 75,46 milhões. Ainda não se sabe por que o banco gaúcho não quis vender a sua parte também.
A SDG tem como administradora a paulista Reag. Essa empresa já havia investido no Cais Mauá, antes de o contrato ser rescindido pelo governo do Estado.
Essa não é a primeira vez que investidores apresentam proposta para comprar essa dívida que os bancos têm a receber. Em outras ocasiões, as três instituições financeiras haviam recusado receber R$ 60 milhões pelos valores pendentes.
Essa aquisição poderá dar fim ao processo que buscava realizar o leilão da Arena, já que fundos de investimento não costumam resolver na Justiça os valores devidos. Mesmo assim, a construtora OAS - hoje chamada de Metha - precisará arcar com os valores devidos.
A Justiça de São Paulo já foi informada sobre a negociação. Dos R$ 210 milhões financiados para a OAS para a construção do estádio, R$ 66 milhões já foram pagos pela empresa.
Essa aquisição não mexe na estruturação do negócio envolvendo o Grêmio. Nada muda com relação à gestão do estádio, que continua sob responsabilidade da Arena Porto Alegrense. O contrato com a empresa vale até 2032.
Procurada, a direção do Grêmio informa que não faz parte dessa negociação. Também esclarece que os valores que eram devidos pelo clube já foram pagos.
De acordo com a avaliação do balanço da Metha, a Arena do Grêmio vale aproximadamente R$ 700 milhões. Somente a construção do estádio custou R$ 600 milhões.
Penhora suspensa
Em setembro de 2023, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) determinou a suspensão da penhora da Arena do Grêmio e do direito de superfície do estádio. A decisão é da 24ª Câmara de Direito Privado. Ela mandou paralisar o processo, por um ano, por entender que um processo que tramita aqui no Rio Grande do Sul deve ser julgado antes.
A ação que está pendente é um processo que tramita há oito anos. Uma decisão liminar de 2016 determinou que todo o valor arrecadado mensalmente pela Arena Porto Alegrense, que não for direcionado para a manutenção do estádio, deve ser repassado aos bancos credores.