A entrada de recursos extras transformou a realidade do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer). Durante décadas, a autarquia enfrentou dificuldades em honrar os pagamentos às construtoras.
Essa realidade mudou nos últimos anos. Executar uma obra sob responsabilidade do Daer era garantia de pagamentos em dia. Porém, essa fama recente, de bom pagador, está sendo questionada.
A coluna conversou com representantes de empresas que prestam serviço para a autarquia, que pediram para não terem seus nomes revelados. Alguns alegam que estão com valores a serem pagos há alguns meses.
Inclusive, uma reunião chegou a ser convocada em maio pelo Daer. Na ocasião, o departamento explicou a dificuldade e pediu paciência para as construtoras.
E a demora em acertar o montante devido está fazendo com que o ritmo de execução das obras diminua. As empresas têm mantido os trabalhos com uma agilidade bem menor.
O coordenador do Conselho de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Coinfra/Fiergs), Ricardo Portella, confirma o problema. Segundo ele, trabalhos executados em fevereiro ainda não foram pagos.
De acordo com Portella, o governo justificou o atraso porque houve descompasso entre produção e empenho. Isso significa que as empresas teriam produzido mais do que a agilidade do Estado em fazer os pagamentos.
Ainda segundo o coordenador, a situação já está sendo regularizada. As faturas atradas estão sendo processadas aos poucos e os valores em aberto serão quitados até o fim desta semana.
Procurado o Daer nega a existência de problemas. Segundo o diretor-geral da autarquia, Luciano Faustino, a situação está normalizada.
- Nós não temos atraso de pagamento hoje. Pra teres uma ideia, em geral os pagamentos estão sendo feitos em até 2 dias após a liquidação da fatura - garante ele.
Mas o Daer só informou sobre os pagamentos que foram autorizados e que estão sendo feitos. A autarquia ainda não respondeu sobre os serviços que foram feitos mas ainda não foram encaminhados para pagamento.
Doação
Em março de 2022, o governador Eduardo Leite chegou a anunciar que pretendia doar até R$ 500 milhões para obras federais no Rio Grande do Sul. A proposta foi rechaçada pela maioria dos deputados estaduais. A ideia era usar recursos extras obtidos com privatizações nas obras da BR-116 e da BR-290.