Mais um passo foi dado para a criação de uma nova rodovia na região metropolitana de Porto Alegre. Sonhada há mais de uma década, a proposta de construção de RS-010 agora tem um traçado definitivo.
O Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) para implantação da rodovia foi realizado pela empresa STE. Foram analisados quatro traçados. Dois deles, mais longos, ligariam Porto Alegre até Campo Bom. Os dois restantes, menores, fariam a ligação ao Vale do Sinos a partir de Cachoeirinha.
O que melhor atendeu os requisitos dos pontos de vista técnico, ambiental e econômico foi o que pretende ligar a Capital até Campo Bom, entre a freeway e a RS-239, com 41,75 quilômetros de extensão. O traçado é muito semelhante ao anteprojeto de 2002 que o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) já dispunha. Foram feitas apenas pequenas correções.
Este caminho foi o que também apresentou os maiores benefícios frente aos demais, apesar dos elevados custos de implantação e desapropriação associados. A projeção é que o investimento necessário para a construção da rodovia chegue a R$ 1,73 bilhão.
Agora, o governo do Estado deverá realizar novas audiências públicas para ouvir o que diz a população. Depois disso, há alguns caminhos que podem ser seguidos.
O governo poderá optar por contratar o projeto e a obra de forma conjunta ou pode contratar os serviços de forma separada. Somente o projeto executivo custará R$ 15 milhões.
Outra alternativa seria repassar os novos estudos e obras para a iniciativa privada. Porém, essa opção ainda não está sendo estudada.
- Fazer uma rodovia greenfield (projeto em que a empresa constrói a estrada e a administra com cobrança de pedágio) numa concessão pura é bem difícil. Não há fluxo de receita que banque isso - destaca o secretário estadual de Parcerias e Concessões, Pedro Capeluppi.
Importância da RS-010
De acordo com o EVTEA, a rodovia está em uma área que abrange, de maneira indireta, 90 municípios e impacta mais de cinco milhões de gaúchos, o equivalente a 44% da população do Rio Grande do Sul.
Atualmente, as rodovias existentes nesta região têm alto tráfego local de cargas e pessoas. A RS-010, onde está sendo planejada, atenderia uma área central da Região Metropolitana onde há um “vazio” na malha rodoviária.
"Também serviria de rota alternativa, pois traria menores tempos e custos de deslocamento em comparação com as vias já existentes, próximas da saturação nos horários de pico, em especial a BR-116", destaca o estudo da STE.
Em 2021, quando o estudo foi feito, a estimativa é que a RS-010 receberia 18.142 veículos por dia, sendo 89,9% deste tráfego composto de veículos de passeio e motocicletas, 9,6% de caminhões, e 0,5% de ônibus. Em 2028, quando o EVTEA estima a abertura de tráfego, o movimento seria de 22.312 veículos por dia, chegando em 2037 a 29.112 veículos diários.
Mais de um década de espera
A rodovia foi sonhada durante o governo de Yeda Crusius. Na ocasião, a Rodovia do Parque não existia e a BR-116 registrava, diariamente, congestionamentos quilométricos.
A construtora Odebrecht chegou também a desenvolver um estudo de viabilidade, ao custo de R$ 4 milhões. A empresa nunca foi ressarcida pelo serviço realizado.
O projeto previa um investimento total de R$ 1,1 bilhão, feito em forma de Parceria Público Privada (PPP). Para ser ressarcida pelo gasto, a empresa que vencesse a disputa construiria 12 praças de pedágio ao longo do traçado, principalmente nas entradas e saídas da rodovia. Além disso, o governo do Estado desembolsaria R$ 70 milhões por ano durante duas décadas.
Já no governo de Tarso Genro, a proposta foi remodelada. A empresa vencedora da licitação, construiria a estrada e duas praças de pedágio na rodovia. Os custos de desapropriações seriam bancados pelo governo. As áreas no entorno da rodovia teriam destinação para empreendedores, investimentos logísticos e condomínios. A obra seria executada em três fases. O traçado começaria por Canoas e se estenderia até o Vale do Sinos.
No governo de José Ivo Sartori, nenhuma das propostas foi levada adiante. Também não foi criada uma nova alternativa. O assunto foi retomado no governo de Eduardo Leite, quando a STE foi contratada para realizar o EVTEA.