O final de semana terá desfile das escolas de samba em Porto Alegre. Mas a famosa marchinha de carnaval Me Dá Um Dinheiro Aí, composta em 1959 pelos irmãos Ferreira, poderia muito bem estar sendo reproduzida nos corredores do Mercado Público.
Recentemente, a prefeitura da Capital anunciou uma nova estratégia para fazer o pagamento da sua dívida pública e combater o déficit previdenciário do município. A ideia é usar recursos financeiros de cinco fundos municipais. Para que seja efetivado é preciso que a Câmara de Vereadores aprove a intenção.
A medida desagradou donos de bancas do Mercado Público. Uma das aplicações que terá saque de dinheiro é o recém-criado Fundo Municipal para Restauração, Reforma e Manutenção do Patrimônio (Fun-Patrimônio). Para ele são destinados, por exemplo, os pagamentos mensais que os mercadeiros fazem para a prefeitura. A verba tem destinação específica, ou seja, precisa ser reinvestida no centro de compras e não pode mais ser repassada para o caixa único municipal.
A coluna foi procurada por permissionários, que se queixam dessa alteração. Eles lembram que a atual situação que o Mercado Público se encontra requer investimentos urgentes. E listaram uma série de problemas.
Cada um dos itens apontados foi vistoriado por GZH. Os obstáculos têm gravidades diferentes. Na relação das mais complexas estão as goteiras no telhado e o mau funcionamento da casa de máquinas e refrigeração. Dentro dessa última, a coluna encontrou um cabo de vassoura e uma pá sustentando painéis.
Sobre o telhado, quando chove um pouco mais forte em Porto Alegre é praticamente certo que será necessário usar guarda-chuva para circular entre as bancas e as áreas de circulação. GZH subiu novamente no forro e identificou os mesmos problemas de janeiro.
De acordo com a Secretaria Municipal da Administração e Patrimônio (Smap), atualmente sãos os permissionários, por meio da Associação do Comércio do Mercado Público Central (Ascomepc), que fazem os reparos necessários no prédio. Mas a ideia é que, em breve, o Fun-Patrimônio possa garantir os investimentos necessários na zeladoria do imóvel, como limpeza, segurança, manutenção do prédio e dos elevadores. Segundo a Smap, essa é uma das prioridades do ano.
A Ascomepc informa que busca junto à administração municipal uma forma de sanar todos os problemas identificados no Mercado Público e que prejudicam tanto os mercadeiros quanto a população.
"Nos causa preocupação que o fundo para a Restauração, Reforma e Manutenção do Patrimônio (Fun-Patrimônio) seja repassado à secretaria da Fazenda, como descobrimos via imprensa, para que possa ser utilizado com outros fins, que não os de deixarem o Mercado Público em condições de bem atender a população", informa nota da associação.
Os 15 problemas do Mercado Público:
1) Casa de máquinas e refrigeração
Ela é a responsável por garantir o bom funcionamento das câmaras frias e dos raros aparelhos de ar condicionado. Açougues, peixarias e friamberias dependem dela para conseguir refrigerar seus produtos. Os compressores funcionam parcialmente. Um cabo de vassoura e uma pá sustentam painéis. Há vazamentos.
Solução: a prefeitura promete fazer o conserto do sistema em breve.
2) Telhado
GZH subiu novamente no forro e identificou os mesmos problemas de janeiro. Telhas quebradas são facilmente encontradas, o que ocasiona goteiras. Quando chove um pouco mais forte em Porto Alegre é praticamente certo que será necessário usar guarda-chuva para circular entre as bancas e as áreas de circulação. Do lado onde houve o incêndio, em 2013, falta a instalação de uma chapa anti-fogo, que serve para evitar a expansão das chamas.
Solução: essa é a prioridade número 1. A garantia é que ainda em março comece a obra que irá limpar as calhas e trocar telhas quebradas.
3) Banheiros e vestiários
Tanto os banheiros quanto os vestiários - estes últimos são para uso dos funcionários - sofrem com depredações. Na manhã de quinta-feira (02), a falta d'água no Centro Histórico fez com que os sanitários estivessem inacessíveis. GZH entrou em um dos banheiro e o encontrou limpo. Todos os vasos tinham assentos. Porém, uma porta estava destruída e uma das torneiras estava estragada. Quando há depredações, furtos ou há algum defeito nos equipamentos, o conserto é providenciado pela Ascomepc. Nem sempre há funcionários da Cootravipa - empresa contratada para fazer a manutenção - nos banheiros. Recentemente, uma torneira foi levada de um dos banheiros e a água jorrou por vários minutos até os registros foram fechados. O vestiário feminino está fechado há mais de 7 anos e serve de depósito.
Solução: a Smap pretende usar recursos do Fun-Patrimônio para assumir a limpeza e manutenção dos banheiros. Segundo a secretaria, essa é uma das prioridades do ano.
4) Sala de resíduos
Os restos de peixe e descarte das demais carnes vendidas de quatro peixarias e seis açougues ficam acondicionados em uma sala dentro do Mercado Público. Ela tem problema de refrigeração. A Smap já negociou com a empresa responsável aumentou a quantidade de vezes que o recolhimento é feito. Mesmo assim, ainda há problemas.
Solução: a secretaria busca ampliar o número de viagens realizadas, a fim de acabar com o odor forte de peixe da região.
5) Rede elétrica
Apesar do Mercado ter recebido reforma nas instalações elétricas, a queda de luz ainda é ocorre. Não há gerador próprio para casos de falta de energia.
Solução: a promessa é que ainda em 2023 este problema seja atacado.
6) Rede de esgoto
A rede de esgoto sofre com a falta de manutenção estrutural. O mau odor em dias quentes exala pelo mercado e espanta os frequentadores. Falta tampa de bueiro em alguns casos. Em outros, elas estão com problemas de fixação, podendo causar acidente.
Solução: a promessa é que ainda em 2023 este problema seja atacado. Há complexidade no conserto, pois ele precisará ocorrer quando o Mercado Público estiver fechado.
7) Piso desnivelado
O piso tem vários desníveis, o que pode ocasionar acidentes.
Solução: a promessa é que ainda em 2023 este problema seja atacado. Há complexidade no conserto, pois ele precisará ocorrer quando o Mercado Público estiver fechado.
8) Limpeza do prédio
Não há limpeza nas partes mais altas do prédio, acima de dois metros de altura. E há falhas na limpeza que ocorre no espaço atendido.
Solução: a Smap promete que irá providenciar a contratação de uma empresa para fazer limpeza nas partes mais altas.
9) Escada rolante
Sem sensor de ativação, as novas escadas rolantes ficam ligadas de forma intermitente. As goteiras no telhado fazem com que chova em cima dos equipamentos.
Solução: as escadas rolantes começaram a ser desligadas após o fechamento do Mercado Público. A chuva em cima das escadas rolantes será resolvida com o reparo no telhado.
10) Telhados das bancas
Quem sobe no segundo piso e olha o telhado das bancas do andar térreo se surpreende com a quantidade de sujeira, que cai através das frestas diretamente em cima das mercadorias das lojas. Alguns comerciantes protegem seus produtos com lonas instaladas no teto das bancas.
Solução: a Smap pretende providenciar a padronização dos telhados das bancas e garantir a correta manutenção do material.
11) Equipamentos pelos corredores
Carrinhos, caixas e sobras de material são frequentemente encontrados por quem circula pelo prédio. Não há fiscalização para que haja um controle sobre isso.
Solução: a Smap pretende negociar com os permissionários uma uniformização das regras do que é ou não permitido.
12) Falta de sinalização
A sinalização do plano de prevenção e proteção contra incêndio está em dia. Mas a sinalização indicativa dos estabelecimentos do Mercado Público é antiga ou não existe. No centro do prédio, onde existia a informação do nome de todas as saídas foi instalada uma espécie de cortina.
Solução: a Smap promete que irá renovar a sinalização dentro do imóvel.
13) Pintura externa
Iniciada em fevereiro de 2021, a recuperação da fachada deveria ter sido entregue em setembro do ano passado. A fachada da Avenida Júlio de Castilhos - primeira a ser recuperada - já está descascando.
Solução: a conclusão da pintura será entregue em 13 de março. Sobre os pontos onde já há descascamento, a prefeitura irá acionar a empresa para que faça o reparo.
14) Guardadores de carros
A grande dificuldade estacionamento no Mercado Público se impõe. Durante a semana as vagas da Área Azul da região são muito concorridas. Aos sábados, uma parte do Largo Glênio Peres é liberada para estacionamento. Com raras aparições da EPTC e da Guarda Municipal, os flanelinhas tomam conta quando a fiscalização deixa o local.
Solução: a Smap informa que vai tratar do assunto com a EPTC.
15) Relógios
Nas quatro entradas centrais do Mercado Público há um relógio posicionado em cima de cada porta. Todos eles estão parados.
Solução: a Smap informa que vai buscar uma parceria com a iniciativa privada para fazer o conserto dos relógios.