Tratada como prioridade pelo governador Eduardo Leite, a concessão do Cais Mauá já tem uma estratégia montada. Em breve, a proposta de revitalização dos 11 armazéns do Centro Histórico será relançada.
Em dezembro, a tentativa de contratar um novo grupo para fazer os investimentos na região restou frustrada. Na ocasião, o cenário de incerteza política foi destacado como motivo pela falta de interesse dos investidores.
Agora, com o panorama definido para os próximos quatro anos, o governo gaúcho vai lançar a sua segunda tentativa. Novamente, a B3 - bolsa de valores brasileira deverá ser o local para conhecer e definir quem irá tirar do papel este projeto aguardada há décadas.
- Pelo que estamos vendo, o projeto está bem redondo, atrativo. Claro, sempre tem ajuste que se pode fazer. Estamos vendo com os investidores. Mas são questões pontuais, para deixá-lo mais atraente. Não há problemas com a situação econômico-financeira do contrato. Mas vamos ouvir investidores para termos convicção - destaca o secretário estadual de Parcerias e Concessões, Pedro Capeluppi.
Dessa forma, o conceito geral do projeto permanece. Não irão ocorrer mudanças significativas.
A ideia é lançar o edital em abril. Já o leilão tem previsão de ser realizado em junho. As datas serão definidas, porém, após nova consulta a investidores.
Os três terrenos das docas seguirão avaliados em R$ 145 milhões. Serão permitidas construções de torres residenciais e empresariais de até 150 metros de altura.
Com a venda deles para a iniciativa privada, o governo pretende garantir os investimentos necessários para reforma dos armazéns. O contrato tem prazo previsto de 30 anos.
Antes do Carnaval, representantes do governo e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) realizaram conversas com investidores - incorporadoras e empresas de eventos. De acordo com Capeluppi, o que os empresários pediram é que seja intensificada a transparência sobre prazos, investimentos e ações previstas ao longo da parceria.
Investimento
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Consórcio Revitaliza - responsáveis pela montagem do edital - projetam um investimento total de R$ 354,7 milhões, além de R$ 20,5 milhões anuais para a manutenção das áreas. O Estudo de Viabilidade Urbanística (EVU) do projeto de revitalização do Cais Mauá já foi aprovado pelo Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e Ambiental de Porto Alegre (CMDUA).
Auditoria
O Ministério Público de Contas (MPC) pediu abertura de uma auditoria, pois questionou o valor sugerido de venda do terreno das docas do Cais Mauá. A projeção do Estado poderia estar abaixo do patamar justo de mercado, segundo o MPC.
O Muro da Mauá
O consórcio Revitaliza apresentou quatro soluções técnicas possíveis. Se alguma delas for adotada, será possível destruir a estrutura de concreto que foi construída por causa da enchente de 1941. Ao longo da Avenida Mauá será construído um bulevar. Também haverá qualificação do passeio público, revitalização dos armazéns, do prédio do antigo frigorífico, da Praça Edgar Schneider e a urbanização da orla do cais.
Embarcadero
Sobre o Embarcadero, o edital prevê que o novo administrador do Cais negociará com a gestão do atual projeto sobre o futuro desta área que envolve o trecho entre a Usina do Gasômetro e o armazém A7.
O Cais
O Cais foi inaugurado em 1921. As atividades portuárias foram encerradas em 2005. Concedido para exploração privada em 2010, teve sua área, de mais de 180 mil metros quadrados, fechada para livre circulação do público desde então.