Nós costumamos, com razão, reclamar dos buracos nas ruas, da falta de conservação das calçadas, na demora de uma poda de árvore. Imagine enfrentá-los sem poder se locomover ou enxergar direito.
Quantos obstáculos os 170 mil moradores de Porto Alegre, que convivem com algum tipo de dificuldade de locomoção, estão enfrentando todos os dias? Aliás, somente 12 municípios gaúchos tem uma população total superior a este número.
Nos queixamos da quantidade de sinaleiras da Capital. Mas pior do que isso é saber que só 186 das 10,8 mil delas contam com sinal sonoro para auxiliar deficientes visuais na travessia.
A câmera conduzida pela nossa colega Cris Lopes faz enxergarmos algo que não nos esforçamos para ver. Tudo o que é feito para auxiliar a vida destes porto-alegrenses é pouco perto de toda a ajuda que eles precisam.
Desde o cavalete que é colocado despretensiosamente na calçada para sinalizar um obstáculo, que acaba se transformando em um empecilho, até a plaquinha de publicidade ou a lixeira, que precisa estar ali porque não temos a cultura de cuidar do nosso próprio lixo.
Não precisamos só de pisos táteis e rampas acessíveis. Necessitamos de um planejamento, de uma ação estruturada da prefeitura, prevendo um prazo razoável para que as ações de acessibilidade não liguem nada a lugar algum.
É como duplicar apenas um trecho de uma rodovia ou de uma avenida. Somente empurramos o problema um pouco mais para a frente.