Elas demoraram demais, muito além do aceitável. Porém, as obras no segundo andar do Mercado Público, enfim, se encaminham para a conclusão.
Foram quase 10 anos de espera, desde o incêndio de julho de 2013. O tradicional ponto de comércio da Capital demorou cinco anos para ser construído, em 1869, e sobreviveu a outros três sinistros como este - 1912, 1976 e 1979 -, além da enchente de 1941.
A última parte desta longa revitalização do Mercado Público iniciou em janeiro de 2022. O objetivo era trocar os dois elevadores e as duas escadas rolantes, além de realizar a reforma elétrica das instalações do segundo pavimento.
Toda a nova parte de iluminação já está pronta. A CEEE Equatorial realiza ajustes dos quadros elétricos para poder ligar a energia.
- Se buscou dar mais detalhes da arquitetura e fachada, sem que pudesse alterar a estética do prédio tombado - avalia o responsável técnico pela revitalização do Mercado Público, Marcus Vinícius Caberlon.
Os dois elevadores estão instalados. Porém, eles ainda seguem desligados, pois estão ocorrendo alguns acabamentos no entorno. As duas escadas rolantes estão praticamente prontas. Faltam apenas alguns detalhes.
Segundo piso
Os dez permissionários que voltarão a ocupar suas bancas no segundo piso - e que hoje dividem espaço no andar térreo - já podem reformar as salas que lhe são de direito.
O planejamento é que até o fim do mês seja já possível iniciar a abertura de alguns destes espaços, ainda que de maneira parcial, para até o fim do próximo mês estarem com suas estruturas funcionando a pleno.
- Estamos trabalhando num prédio com mais de 150 anos. E toda a intervenção que fazemos é crítica. Temos que respeitar as características arquitetônicas. Tudo é um pouquinho mais delicado - lembra Caberlon.
Voltarão para o segundo piso os estabelecimentos Mamma Júlia, Bar Chopp 26, Beijo Frio, Taberna, Sayuri, Ponto dos Grelhados, Associação das Mulheres Solidárias da Zona Norte, Associação de Artesãos Porto Alegre Solidária, Mercado de Ideias Comércio de Alimentos e Restaurante e Lancheria Trensurb. Quando isso ocorrer, o atual espaço no térreo que eles ocupam também será recuperado.
Mesmo com a ocupação, outras dez bancas seguirão vazias. Isso acontece porque elas já estavam desocupadas antes do incêndio. A Secretaria Municipal de Administração e Patrimônio (Smap) está organizando uma licitação para definir o preenchimento destes espaços e de outros cinco que serão liberados no primeiro piso.
- Com a conclusão das obras, em agosto, os dez permissionários que estão improvisados no primeiro piso, por conta do incêndio, poderão subir e retomar seus espaços originais no segundo andar. Falta concluir as reformas estruturais do outro quadrante, que não foi atingido pelo fogo, mas que são fundamentais para o prédio. Estamos deliberando com a Associação dos Mercadeiros o cronograma de mudança e, paralelamente, estamos finalizando os preparativos para licitação que definirá os novos permissionários que irão ocupar os outros dez espaços vagos atualmente - destaca o secretário da Smap, André Barbosa.
Pintura externa
Se do lado de dentro os trabalhos estão bem encaminhados, do lado de fora os serviços vão demorar um pouco mais para ficarem prontos. A pintura externa começou em fevereiro e deveria ser finalizada em setembro.
Até agora, já foi possível concluir a reforma da fachada do lado da Avenida Júlio de Castilhos. Do lado da Borges de Medeiros, metade dos trabalhos foram executados.
As obras de recuperação dos outros dois lados já começaram. Os serviços só podem ser realizados à noite, por causa do trânsito de pessoas e pelo risco de acidentes. A intenção, segundo Caberlon, é que até o fim do ano a pintura esteja pronta.
- Teoricamente, estamos no pior momento, que é o inverno. Há muita umidade, chuva e noites mais longas - finaliza Caberlon.
Nove anos
As obras do Mercado Público foram iniciadas no mesmo ano do incêndio, em 2013, e chegaram a ser completamente paralisadas em 2016 por falta de recursos. Na gestão passada houve discussão sobre quem deveria seguir as obras. O prefeito Nelson Marchezan pretendia conceder o mercado à iniciativa privada, mas a gestão de Sebastião Melo abortou esse plano e buscou uma alternativa para reabrir o segundo piso.
Os recursos para a realização da obra fazem parte de um Termo de Conversão de Área Pública (TCAP) firmado entre a prefeitura e a empresa Multiplan. A pedido do Executivo Municipal, a empresa concordou em antecipar o cumprimento de obrigações do TCAP para viabilizar a reabertura do Mercado Público, que contará com investimento de até R$ 9,4 milhões.