Um dia após operação da Polícia Civil, que apura repasse ilegal de R$ 22,2 milhões para quatro empresas que prestam serviço nas 12 praças de pedágio da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), o foco dos investigadores tem sido se debruçar nos documentos, computadores e celulares apreendidos com os presos e nos locais onde foram realizadas buscas.
Na operação foram presos temporariamente Marcelo Gazen, ex-diretor da EGR, e Cleber Domingues, ex-supervisor executivo da estatal. A investigação que culminou na operação de terça-feira (14) começou há cerca de quatro meses.
A suspeita é de formação de cartel, superfaturamento e sobrepreço, envolvendo um contrato de prestação de serviços, a partir de licitação ocorrida em 2019. Em 2021, o então diretor-presidente da autarquia, Marcelo Gazen, determinou a suspensão e, posteriormente, a revogação de uma licitação em andamento para contratar novas empresas para a execução de serviços de operação e arrecadação junto a praças de pedágio.
Já havia apontamentos que indicavam que o contrato em vigor apresentava falhas, como informou a Polícia Civil. Com isso, as mesmas empresas, que desde 2013 administram as praças de pedágio da EGR, foram mantidas nas suas funções.
A empresa STE é responsável pelas praças de Gramado, São Francisco de Paula e Três Coroas. Já os postos de cobrança em Coxilha, Campo Bom, Santo Antônio da Patrulha e Viamão são geridas pela empresa APL Apoio Logístico.
A Incorp Consultoria e Assessoria faz a administração das praças de Flores da Cunha e Portão. As de Boa Vista do Sul, Cruzeiro do Sul e Encantado são de responsabilidade da empresa CWF Operações.
Todas as empresas citadas foram procuradas pela coluna. A APL diz desconhecer as investigações. Ela destaca que "sua contratação e prestação de serviços sempre se deram dentro da normalidade e legalidade, fato que já deve ser do conhecimento da autoridade policial".
A STE disse ter tomado conhecimento da investigação pela imprensa. A empresa reitera "seu compromisso com a legalidade e regularidade de suas atividades, reafirmado a adesão aos valores éticos empresariais e o cumprimento das regras de conformidade". A nota enviada à coluna também refere que está à disposição dos órgãos de controle do Estado para prestar esclarecimentos.
A CWF Operações informa que sua atuação é pautada “pela legalidade, transparência e absoluta correção e honestidade em seus contratos”. Garante que os serviços prestados para a EGR foram executados na integralidade e submetidos à fiscalização e controle. Por fim, destaca que a empresa segue “compromisso em prestar esclarecimentos em qualquer esfera judicial ou administrativa”.
Somente a Incorp Consultoria e Assessoria não apresentou posicionamento, até agora.